21 junho 2020

POR CÁ, O GOVERNO AINDA NÃO FOI APANHADO A ALDRABAR OS NÚMEROS

Por coincidência, precisamente no mesmo dia 19 de Junho, tanto no Reino Unido como em Espanha, descobriu-se um buraco nas estatísticas oficiais que teve como consequência que o número de mortes provocadas pela covid-19 tivesse sido subestimado  nos dois países. Discretamente e numa operação que só foi detectada por quem seguia os dados com mais atenção, apareceram mais 1.500 mortos registados nas estatísticas britânicas e quase 1.200 entre as espanholas. Acontece, mas é precisa uma dose de ingenuidade adicional para acreditar que aconteceu por acaso. O que pode ser um acaso é que a descoberta tenha ocorrido no mesmo dia, e o que pode ser outro (acaso), é que num dos países esteja a esquerda no poder (Madrid) e a direita no outro (Londres). Este género de expedientes não é propriamente de direita nem de esquerda, é avançado, porque as técnicas de manipulação da opinião pública são um avanço. Nunca desconfiando e por via das dúvidas, ainda bem que nós por cá temos órgãos de informação que não se deixam enrolar e que esmiúçam os dados que vão sendo produzidos pela Direcção Geral de Saúde:
Pena que este aspecto da fidedignidade dos dados, no caso em que são apresentados pelos restantes países europeus não esteja a ser esmiuçado com igual rigor. Sobretudo por causa desta troca de galhardetes entre países europeus sobre quem fecha a portas a quem (abaixo). Por exemplo, mencionam-se ali seis países, mas a enumeração de quais são fica lá mais para baixo da notícia, a saber, são a Áustria, Chipre, Dinamarca, Espanha, Letónia e Lituânia; descontando a Espanha, o que é que nos interessará o impacto dos outros cinco países? E por exemplo, a certa altura do artigo fala-se da Grécia; ora é precisamente a respeito da fidedignidade dessas estatísticas alheias (que descobrimos marteladas em Espanha e no Reino Unido), que importa perguntar que confiança nos oferece um país, com uma população equivalente à portuguesa (como é o caso da Grécia), e que tem o descaramento de reportar ao fim de três meses de pandemia, 3.256 infecções e 190 mortos (cerca de 10% dos números portugueses)? Por via das dúvidas, não seria preferível sermos nós a bloquear a vinda dos gregos?...
Uma piada final e porque as notícias aqui seleccionadas foram publicadas no Observador, é que já foi tempo em que naquele jornal se embirrava com a Grécia, especialmente o seu publisher. Agora, que o governo de lá é outro, de direita, e também não dá jeito o José Manuel Fernandes culpar o 1º ministro António Costa das malversações praticadas por aquelas paragens, parece que a Grécia e as suas tradicionais aldrabices estatísticas tornaram-se um assunto esquecido para aquele jornal. Com a derrota do Syriza os gregos foram assim como que ungidos pelo espírito santo. Para o Observador, as verdades, mesmo quando evidentes, dependem muito de quem as pratica...

1 comentário:

  1. Valha-nos Santa Clara… Não fora a santa e também não haveria explicação para os nossos números concelhios, se é que ainda existem… :-)

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