

O meu barbeiro tradicional parece estar de regresso ao Brasil (com sinais de não voltar) e fui atendido por um substituto que se esmerou mas tudo acabou com os retoques finais a terem de ser feitos por mim em casa… Só em retrospectiva é que me apercebi como o episódio poderia passar por uma metáfora da evolução política recente: mesmo não o apreciando por aí além, já estava habituado ao que estava, este novo que veio, apesar de esforçado, ainda se mostra assustadoramente impreparado para a tarefa…
Com um vídeo de há 7 anos atrás de um Haka dos All Blacks precisamente contra a França - o Haka original, o Ka Mate, e não a versão mais recente Kapa O Pango - ainda capitaneado pelo memorável Tana Umaga, me despeço desta Taça do Mundo com algumas opiniões que quero compartilhar. Não fiquei desapontado com a qualidade do râguebi jogado na final porque não quis criar expectativas quanto à sua espectacularidade. Por causa do passado, acho preferível moderar as expectativas em relação a finais da Taça do Mundo. Até houve ensaios – ao contrário do que aconteceu em 1995 e 2007…
Confirmando o aforismo que cada jogo tem a sua história, o embate da final não teve nada de semelhante com os 37-17 com que os All Blacks haviam mimoseado os seus adversários na fase de grupos. Foi um jogo cerradamente disputado com um vencedor justo e um vencido digno. Mas constata-se que o râguebi é cada vez menos um jogo de XV e cada vez mais um jogo de XXII, quando não de mais uns quantos. A perda de qualquer jogador, por muito influente que seja, já não pode servir de justificação para os maus resultados. Mesmo sem Dan Carter a Nova Zelândia conquistou o título…
E houve jogos excepcionais. Entretanto, será impressão minha ou este género de defesa agressiva sem dar tempo aos oponentes está a tornar o jogo progressivamente mais agressivo? Não fui consultar estatísticas para verificar evolução da frequência das lesões de sangue, mas o número de médios que foram parar ao estaleiro – se bem contei, por lesões, os All Blacks usaram 4 médios de abertura durante a Taça do Mundo… – pareceu-me uma anomalia ou então uma coincidência. Não irei gostar se daqui por uns anos o IRB tenha que recomendar a adopção de capacetes como os do futebol americano. Adenda: Abaixo, a cara de Morgan Barra, o abertura francês ao chegar a Paris, três dias depois da final...
Finalmente, para aqueles que aqui há quatro anos atafulharam de elogios a actuação dos Lobos, quando, na minha modesta opinião, ela não passou de uma prestação mediana de acordo com o que seria de esperar dela, seria bom que agora pusessem os olhos na prestação da selecção da Geórgia, uma das duas selecções – a outra é a da Rússia – com quem ultimamente disputamos as presenças nas Taças do Mundo. É que a Geórgia conseguiu aquilo que nós não conseguimos há 4 anos: fugir mais uma vez ao último lugar do seu grupo agora batendo concludentemente a selecção da Roménia por 25-9!
Naquele que parece ser, final e verdadeiramente, o último fim-de-semana ensolarado do Verão e depois de uma semana em que o nosso primeiro-ministro nos anunciou que os salários anuais pagos em 14 prestações vão tornar-se numa graciosa recordação do passado, vale a pena ouvir esta singela canção dos Monty Python intitulada Always Look on the Bright Side of Life (Olhem Sempre para o Lado mais Positivo da Vida). O segredo do seu humor corrosivo é que a canção tem mais valor quando quem a ouve atravessa o estado de espírito que precisamente agora nos domina: sem paciência para discursos optimistas… Por isso achei-a apropriada para os dias que correm.
Em consonância com o exemplo de George Bush (pai) nos Estados Unidos em 1988 (acima), um presidente dos Estados Unidos hoje já bastante esquecido, mesmo se não vier a conseguir mais nada de realce na História de Portugal, há que reconhecer que Pedro Passos Coelho (abaixo) já assegurou uma estadia perene entre aqueles vídeos do You Tube em que se evocam as grandes aldrabices pré-eleitorais da história política recente…