
Apesar do que depois se veio a escrever sobre as doutrinas e os recursos existentes, os bombardeamentos de alvos civis durante a Segunda Guerra Mundial não tiveram visibilidade até Maio de 1940. É verdade que
Varsóvia fora violentamente bombardeada pelos alemães ainda durante
a Invasão da Polónia em Setembro de 1939 (abaixo), mas os invasores alegaram que se tratava de uma cidade fortificada então em vias de ser cercada pelos seus exércitos, que fora um objectivo táctico e não estratégico. E os Aliados ocidentais
quiseram acreditar nesses argumentos para não romperem as tréguas que se mantinham de facto quanto a acções de bombardeamento indiscriminadas sobre alvos civis.

Em Maio de 1940, com o começo da ofensiva a Ocidente por parte dos alemães tudo se precipitou. Começou por um erro de uma pequena esquadrilha destes últimos que, em vez de bombardear
as pistas militares francesas de
Dijon, como era sua missão, devido a erros de navegação veio a bombardear a cidade alemã de
Freiburg, matando 57 pessoas. Em tempo de guerra não se confessam
fraquezas: o Ministério da Propaganda alemão atribuiu a autoria do bombardeamento aos Aliados prometendo retaliar numa escala cinco vezes superior. Mas o próximo episódio teve lugar em Roterdão (abaixo) e parece nada ter tido a ver com a retaliação de má fé prometida por
Goebbels…

Mais uma vez o exército invasor alemão defrontava-se com uma posição de resistência na cidade holandesa de
Roterdão. O comandante,
Rudolf Schmidt, solicitou um
raid aéreo breve mas devastador. Numa acção cheia de peripécias os bombardeiros alemães
He-111 largaram 94 toneladas de bombas que
arrasaram o centro da cidade, causaram entre 800 e 1.000 mortos e deixaram outras 78.000 pessoas desabrigadas. Nas guerras da propaganda o número de vítimas depressa foi empolado para 30.000. No dia seguinte 99 aviões da
RAF foram autorizados a desencadear o primeiro do que iria ser uma infindável série de raids de bombardeamento na área industrial do
Ruhr.

E finalmente, já em princípios de Agosto, a iniciativa dos bombardeamentos passou para os alemães. Havia começado a que veio a ser denominada
Batalha de Inglaterra. Não tardou muito para que, havendo
raids quotidianos sobre as áreas industriais dos arredores das cidades, os erros de navegação fizessem com que as bombas atingissem o seu centro. Acontecido em Londres, foi pretexto para que os britânicos retaliassem por quatro vezes numa semana sobre o centro de Berlim, iniciando, aí sim, uma
escalada finalmente aberta aos alvos civis que só viria a terminar dali por cinco anos,
muito favorável para os Aliados, conforme se pode perceber pelo gráfico abaixo.
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