21 outubro 2011

NÚMERO ERRADO

Quando os telefones apareceram, as conexões entre os aparelhos eram realizadas manualmente por operadores em centrais destinadas a esse fim (acima). Como, desde o princípio se deu preferência a que os operadores fossem mulheres, a função deu origem a uma imagem profissional: a da menina do PBX. Que, reputadamente, se enganavam com muita frequência: quem não se lembra do calvário que foi ligar para a dona Rosa no filme O Pátio das Cantigas?... Que acabou com o Evaristo a ligar um número ao acaso?...
Contudo, a verdade é que muito se evoluiu tecnicamente desde essa altura. Há mais de 50 anos que a esmagadora maioria das centrais telefónicas são automáticas e, exceptuando alguns excepcionais erros de configuração, os telefones ligam para o número que foi marcado pelo utilizador. Nos modelos de telefone clássicos (abaixo) havia ainda a possibilidade deste último poder discar um número errado por engano mas os modelos mais recentes, além de recorrerem a teclas contêm um mostrador com o número entretanto digitado…
Contudo a sociologia não tem acompanhado a técnica e quem marca um número errado ainda se pensa nos tempos do Evaristo, culpando algum génio malfazejo por estar a interferir nas suas comunicações. A quantos de nós não nos aconteceu já, atender o telefone e uma voz do lado de lá perguntar-nos assertiva e inquisidoramente: - Donde é que fala? O tom costuma colocar-nos à defesa como se a culpa fosse nossa e o incómodo alheio, quando se trata precisamente do contrário... Responde-se no mesmo tom, seco: - E para onde é que quer ligar?

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