22 outubro 2011

O HERDEIRO

Como aconteceu hoje com o da Arábia Saudita, é sempre uma tristeza saber-se que um Príncipe Herdeiro morreu sem chegar a ocupar o trono: será sempre um projecto pessoal de exercício do poder que não se irá concretizar embora esse projecto vá ser substituído por outro, que ninguém irá exercer o poder para sempre e todo o detentor de um cargo político, por mais poderoso que seja, irá ter sempre um sucessor… Um pormenor, contudo, desperta a nossa atenção: o herdeiro, Sultan bin Abdul Aziz bin Abdul-Rahman bin Faisal bin Turki bin Abdullah bin Muhammad bin Saud, estava na faixa dos oitenta e tal anos, é difícil precisar a idade certa. Há quem lhe atribua como ano de nascimento 1930, 1926 ou mesmo 1924. Ora, 1924 é também o ano de nascimento de Mário Soares e nós não estaremos o nosso bochechas è espera de herdar seja o que for…
Na verdade, de acordo com a Lei Básica da Governança, adoptada em 1992 sob o Rei Fahd, que regulamenta as regras da sucessão ao trono saudita, a posição de Príncipe Herdeiro acaba por combinar não apenas a questão das precedências na sucessão futura ao trono mas também os equilíbrios com o exercício do poder político na actualidade. Assim foi em 2005 quando o Rei Abdallah (nascido também em 1924) sucedeu ao seu meio-irmão Fahd (1921-2005) e assim será agora quando o Conselho se reunir para escolher o sucessor de Sultan, em que o favorito é o Príncipe Nayef bin Abdul-Aziz bin Saud (n. 1933). Claro que estes costumes são retrógrados, reaccionários e de cariz feudalista. Onde é que já se viu numa sociedade socialista, cientificamente evoluída, o poder transitar assim de um dirigente octogenário para um seu irmão septuagenário?...

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