Havia colocado um poste sobre os revolucionários de 1975. Era uma descrição sobre um instantâneo daqueles que eram então designados por militares progressistas. O poste não se destinava a ser o precursor de uma série sobre aqueles tempos, mas episódios que aqui e ali tenho vindo a ler pela blogosfera, que são estranhamente reminiscentes daquele vanguardismo voluntarioso que se usava na época do PREC, tornam extremamente pertinente que se regresse a outras evocações do processo revolucionário então em curso, para o recordar, e para não o repetir.
O PREC tem mais do que um episódio clímax que assinale a saturação da maioria da população com os aspectos excessivos de que ele se estava a revestir. Em termos de proclamações ideológicas a saturação terá sido o discurso proferido em Almada por Vasco Gonçalves em Agosto de 1975 (imagem inicial); em termos de tolerância quanto aos métodos usados para a luta política essa saturação terá sido o cerco à Assembleia Constituinte em Novembro (imagem acima); e em termos institucionais a saturação terá sido a cerimónia do Juramento de Bandeira do Ralis (vídeo abaixo) a 21 de Novembro de 1975.
O PREC tem mais do que um episódio clímax que assinale a saturação da maioria da população com os aspectos excessivos de que ele se estava a revestir. Em termos de proclamações ideológicas a saturação terá sido o discurso proferido em Almada por Vasco Gonçalves em Agosto de 1975 (imagem inicial); em termos de tolerância quanto aos métodos usados para a luta política essa saturação terá sido o cerco à Assembleia Constituinte em Novembro (imagem acima); e em termos institucionais a saturação terá sido a cerimónia do Juramento de Bandeira do Ralis (vídeo abaixo) a 21 de Novembro de 1975.
Vale a pena contar os detalhes da cerimónia, presidida (não sei se o conceito terá cabimento numa atmosfera tão igualitariamente revolucionária…) pelo Chefe do Estado-Maior do Exército da altura, General (graduado) Carlos Fabião e contou com a presença insigne de elementos da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores e Moradores da Zona do Ralis, um dos quais, a Operária Têxtil Lurdes, também discursou aos soldados: Cabe-me a honra, pela primeira vez concedida a uma operária deste país, de vos dirigir umas palavras no dia em que prestais juramento de bandeira.
Acima, pode-se ler o texto do juramento então prestado pelos soldados do Ralis. Para os revolucionários a fórmula do juramento parecia ser tão importante que merecia a sua impressão para divulgação. Para os que não eram revolucionários o texto pareceu tão insólito que mereceu a sua preservação até à actualidade… Encarregado de toda aquela cenografia encontrava-se o então Capitão Diniz de Almeida, herói do 11 de Março de 1975 (abaixo ao centro), hoje Psicólogo Clínico e Dentista no Cadaval, mandatário concelhio da candidatura de Jerónimo de Sousa nas últimas eleições presidenciais.
um poste excelente.
ResponderEliminaraliás, volto a repetir, o amigo preenche um espaço único na blogosfera.
o "Herdeiro de Aécio" é o canal Odisseia dos blogs.
conhecia este video há muito tempo, muito antes do youtube.
não fazia a minima ideia quem era o Sr Capitão do Ralis.
mas já que o amigo se interessa, tal como eu, por estas coisas, ao visionar o video em baixo, tente descobrir quem será o individuo que surge no canto esquerdo quase no final da gravação e que fica com o logotipo da rtp na testa.
eu não sei se será, mas caramba, parece mesmo ele.
http://br.youtube.com/watch?v=xQx6hE6YHZQ&feature=related
Agradeço-lhe sinceramente o elogio PDuarte mas, com a mesma sinceridade, espero que o canal Odisseia tenha uma audiência bem maior do que a deste blogue. Merece...
ResponderEliminarAgora quanto ao individuo do vídeo que refere, mesmo "adicionando-lhe" 34 anos, não consigo ver quem seja.
Qual é o seu palpite?
Sinceramente penso tratar-se de Luís Nobre Guedes.
ResponderEliminarMas posso estar enganado.
É provável que esteja enganado, PDuarte. Segundo o que consta da sua biografia Luís Nobre Guedes nasceu em 1955 e este filme data provavelmente de 1974. Ora, neste tempo, aos 19 anos ainda não se estava a cumprir o serviço militar.
ResponderEliminarPeco desculpa ao Autor e ao Comentador por este comentário lateral, mas o LNG numa campanha de dinamizacao pós 25 de Abril, só se fosse para regressar ao 24 com direito a uma distribuicao de livros de algibeira pelos assistentes que não fossem analfabetos (se os houvesse).
ResponderEliminarHá trajectórias políticas para todos os gostos, JRD.
ResponderEliminarDesde ex-legionários da LP a transferirem-se para o MDP/CDE, até "vanguardas" da Revolução que vieram "desaguar" muitos anos depois ao partido de Luís Nobre Guedes - creio que é o caso de Celeste Cardona...
Estou a viver em outro continente há muito tempo e não regresso mais. Hoje tive a sorte de descobrir este Blog, este artigo e muitos outros. Fiquei encantado. Parabens!
ResponderEliminarObrigado.
ResponderEliminar