
Em finais de Agosto de 1975, estava o
PREC ao
rubro, e apareceu a notícia que houvera um conjunto de oito organizações revolucionárias que decidiram, em conjunção com o MFA e
órgãos autónomos do poder popular, formar uma Frente, denominada
Frente de Unidade Revolucionária (FUR). No comunicado conjunto que a anunciava, escrevia-se também que se havia decidido constituir um secretariado provisório para a coordenação de uma
ofensiva comum contra a reacção e pelo avanço do processo revolucionário.

Entre as oito organizações que compunham inicialmente a referida FUR (1º de Maio, FSP, LCI, LUAR, MES, MDP/CDE, PCP e PRP-BR) notava-se a ausência de qualquer organização de inspiração maoista (FEC(M-L), MRPP, PUP ou UDP) assim como o aparecimento de uma organização que eu nunca ouvira antes falar em 16 meses de revolução (1º de Maio) e que a iria atravessar tal qual (em vez de uma
estrela...) um
cometa revolucionário, pois 24 horas depois de integrar a FUR abandoná-la-ia para nunca mais
dar notícias de si…

Menos de uma semana passada sobre a constituição da FUR (1 de Setembro), o PCP parecia pressentir a alteração
da correlação de forças dentro da organização onde verdadeiramente tudo se decidia (as Forças Armadas) e abandonava a u
nidade revolucionária alguns dias antes da queda de Vasco Gonçalves (5 de Setembro), descomprometendo-se na sua posição negocial para as fases seguintes da revolução. No entanto, dentro da FUR havia-se deixado ficar a sua outra
encarnação, o MDP/CDE, também dirigida por
militantes seus…

Durante os quase três meses que se seguiram – entre os princípios de Setembro até ao 25 de Novembro de 1975 – o PCP continuou a conseguir a proeza de conseguir
estar em todo o lado simultaneamente mas sem se comprometer verdadeiramente com
lado nenhum: por um lado, estava representado no VI Governo Provisório com um ministro (Veiga de Oliveira, na pasta das Obras Públicas) ao mesmo tempo que acompanhava, senão mesmo dirigia, através da FUR, os movimentos que o contestavam: abaixo, lembre-se o cerco à Assembleia Constituinte...

A 26 de Novembro de 1975, todas as organizações que haviam sido parte integrante da FUR, mais algumas que dela não faziam parte (UDP), além de outras siglas que haviam sido entretanto desencantadas (como os SUV -
Soldados Unidos Vencerão!) seriam consideradas como tendo estando, indiscutivelmente, do lado vencido no dia anterior. O PCP nem por isso...
Sem comentários:
Enviar um comentário