A fotografia acima (pode ser ampliada), que retirei de Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, mostra-nos o que será uma provável pausa nos trabalhos de uma Assembleia do MFA realizada em Tancos em pleno apogeu do PREC. A fotografia quase parece um quadro, onde o destaque do nosso olhar vai inteiro para os oficiais revolucionários de semblante reflexivo situados ao centro da imagem.
Do lado esquerdo desse grupo, o oficial de boné debaixo do braço e óculos escuros na mão é o capitão Duran Clemente, que todo o país virá a conhecer a 25 de Novembro nos ecrãs da RTP mas com barba e envergando camuflado (veja-o nesse outro look na fotografia mais abaixo) embora houvesse algo de paradoxal naquele aspecto tão combativo num oficial que pertencia a um serviço como o de administração militar…
Pelo contrário, as referências como combatente do oficial que aparece imediatamente ao seu lado esquerdo mas um pouco mais para atrás, e que parece estar a olhar para qualquer coisa divertida que acontece à sua direita são verdadeiramente impecáveis: trata-se de capitão Matos Gomes e a insígnia da sua boina indica que pertencia ao Regimento de Comandos. Dali por um par de semanas abandonaria aquela unidade por a considerar reacionária…
Do lado oposto da fotografia, também reflexivo, o pensativo fumador de charuto é o coronel Varela Gomes. A sua reputação revolucionária vinha desde o Golpe de Beja de 1961. Expulso do Exército, atravessará assim todo o período da Guerra Colonial (1962-74) sem se aperceber das mutações que ele estava a sofrer, só tendo sido reintegrado depois do 25 de Abril. Ficou com a reputação de ter sido o último a dar-se por vencido a 26 de Novembro de 1975…
Constatação que o Exército naquelas Assembleias também se democratizara em relação ao antigamente comprova-se pela presença casualmente central de um aspirante a oficial também reflexivo (e também revolucionário, deduzir-se-á…) que dá uma passa profunda no seu cigarro ao caminhar entre Duran Clemente e Varela Gomes, enquanto parece acompanhar os dois oficiais revolucionários mais antigos nas suas inquietações…
E, por outro lado, a fotografia é demonstrativa que há coisas que parecem não conseguir mudar. Apesar da Armada ser à época considerado o mais revolucionário dos três ramos das Forças Armadas, o seu tradicional formalismo parece permanecer vivo na pessoa do oficial da Armada à esquerda, um guarda marinha que parece pedir lume a um oficial fuzileiro e que é, de todos à vista, o único que aparece de farda branca, a rigor…
Do lado esquerdo desse grupo, o oficial de boné debaixo do braço e óculos escuros na mão é o capitão Duran Clemente, que todo o país virá a conhecer a 25 de Novembro nos ecrãs da RTP mas com barba e envergando camuflado (veja-o nesse outro look na fotografia mais abaixo) embora houvesse algo de paradoxal naquele aspecto tão combativo num oficial que pertencia a um serviço como o de administração militar…
Pelo contrário, as referências como combatente do oficial que aparece imediatamente ao seu lado esquerdo mas um pouco mais para atrás, e que parece estar a olhar para qualquer coisa divertida que acontece à sua direita são verdadeiramente impecáveis: trata-se de capitão Matos Gomes e a insígnia da sua boina indica que pertencia ao Regimento de Comandos. Dali por um par de semanas abandonaria aquela unidade por a considerar reacionária…
Do lado oposto da fotografia, também reflexivo, o pensativo fumador de charuto é o coronel Varela Gomes. A sua reputação revolucionária vinha desde o Golpe de Beja de 1961. Expulso do Exército, atravessará assim todo o período da Guerra Colonial (1962-74) sem se aperceber das mutações que ele estava a sofrer, só tendo sido reintegrado depois do 25 de Abril. Ficou com a reputação de ter sido o último a dar-se por vencido a 26 de Novembro de 1975…
Constatação que o Exército naquelas Assembleias também se democratizara em relação ao antigamente comprova-se pela presença casualmente central de um aspirante a oficial também reflexivo (e também revolucionário, deduzir-se-á…) que dá uma passa profunda no seu cigarro ao caminhar entre Duran Clemente e Varela Gomes, enquanto parece acompanhar os dois oficiais revolucionários mais antigos nas suas inquietações…
E, por outro lado, a fotografia é demonstrativa que há coisas que parecem não conseguir mudar. Apesar da Armada ser à época considerado o mais revolucionário dos três ramos das Forças Armadas, o seu tradicional formalismo parece permanecer vivo na pessoa do oficial da Armada à esquerda, um guarda marinha que parece pedir lume a um oficial fuzileiro e que é, de todos à vista, o único que aparece de farda branca, a rigor…
No extremo direito, um alferes alourado, de óculos escuros e boina na mão, parece caminhar apressado, como se fosse fugir à objectiva do fotógrafo. Tem todo o aspecto do oficial miliciano típico e podemos interpretar a sua pressa como não querendo fazer parte daquela fotografia…
Adenda de 10Set2013: Graças às informações disponibilizadas por Duran Clemente na sua página de facebook, fica-se a saber que o aspirante reflexivo se chamava José Conduto (já falecido) e que o alferes apressado se chama Luís Gottschalk e que afinal teria imenso gosto em aparecer na fotografia...
Aquela foto(de camuflado)do Duran
ResponderEliminarClemente diz muito.Ali está um
"boneco"de um aspirante a
guerrilheiro,o cabelo,a barba,o
autocolante no camuflado,de militar
só os galões.Eu,que fui miliciano,
quando via os militares, ditos
revolucionários,sem atavio,
indisciplinados(diziam que era a
disciplina revolucionária)pensava,
um dia,os MILITARES,dão um murro
na mesa e estes tipos cavam cada
um para seu lado.Foi o que se viu.
O que aqui pretendi demonstrar com aqueles três exemplos, Paulo, é que, também entre os oficiais revolucionários, havia de todas as categorias.
ResponderEliminarNo meio da tal de disciplina revolucionária (uma daquelas expressões deliciosamente leninista na sua contradição...) havia quem conseguisse "levar a água ao seu moinho": era o caso de Diniz de Almeida no Ralis ou de Mario Tomé na PM.
Se aquele método revolucionário de comandar tropas teria chegado para que os militares revolucionários se comportassem como militares a sério quando os que os comandavam se decidiram a avançar para a conquista do poder é coisa que, felizmente, ficou no domínio da especulação...
É que as guerras civis nunca fizeram bem a ninguém...
Só agora vi a foto e o comentário, e também que o Manuel Clemente já corrigiu o uso (ou abuso) feito da minha imagem. Ela está publicada em vários sítios e é, por isso, do domínio público, pelo que não posso pedir-lhe que a retire. Limito-me a confirmar a correcção já feita. Tenho todo o orgulho em ter sido fotografado em tão boa companhia. O mesmo posso afirmar relativamente ao meu grande amigo José Conduto, falecido há cerca de 30 anos, e aproveitar para agradecer publicamente todo o apoio que me deu nos dias que se seguiram ao 25 de Novembro até ao momento em que fui preso.
ResponderEliminarPorque me parece que se terá confundido, permita-me esclarecê-lo Luís Goottschalk que Duran Clemente não teve contribuição nenhuma para a adenda que consta do fim do poste com o esclarecimento.
ResponderEliminarComo lá está - pelos vistos, mal - esclarecido, fui eu que me deparei com referências à fotografia no "facebook" de Duran Clemente e, como elas esclareciam parte do que eu anteriormente escrevera, me decidi a colocar a adenda que refere, porque enriquece a legenda de uma fotografia que possui uma componente humana riquíssima.
Quanto à outra, a política, que preferiu destacar no seu comentário, permita-me dizer-lhe, a propósito do 25 de Novembro que refere, que tivesse sido outro o desfecho e não tenho dúvidas teria sido o Luís Gottschalk a ir efectuar as prisões de outros.
Por isso, por aquilo que vocês defendiam e também por aquilo que vocês apenas fingiam defender, também não tenho quaisquer dúvidas que foi preferível que tivesse sido o Luis Gottschalk a ser preso.