8 de Junho de 1970. Na Argentina ocorre um daqueles golpes de estado latino-americanos como agora já não se fazem. O presidente (e também general) Juan Carlos Onganía (1914-1985) é deposto por uma Junta Militar que era composta pelo general Alejandro Lanusse, o almirante Pedro Gnavi e o brigadeiro Carlos Alberto Rey, que encabeçavam então cada um dos três ramos das forças armadas argentinas. Cumprindo o figurino, as unidades militares aquarteladas especialmente em Buenos Aires, saíram para as ruas e ocuparam os sítios considerados estratégicos do costume. A Argentina estava habituada aos procedimentos: só nos quinze anos anteriores já houvera três golpes do mesmo género - 1955, 1962 e 1966. Neste, Onganía ainda fez um esboço de resistência, a contar com a "lealdade" dos 1.200 homens da guarnição da guarda presidencial na Casa Rosada. Só serviu para protelar as coisas. Depois de doze horas de negociações, o presidente em exercício, que também lá chegara na sequência de outro golpe de estado, resolveu renunciar ao cargo «para evitar a deflagração de uma guerra civil», o que quer dizer que os outros eram mais, estavam melhor armados, e poucos na sua guarda estavam com disposição de andar aos tiros por sua causa. Por causa da teimosia, os revoltosos obrigaram-no à praxe de ter que ser ele a ir ao PC dos insurrectos sob escolta, para apresentar pessoalmente a sua resignação por escrito. Um punhado de dias depois, e depois de muita confabulação entre as altas patentes, a Argentina tinha um novo presidente, o, até aí, adido militar da embaixada argentina em Washington, o (então) brigadeiro Roberto Marcelo Levingston (1920-2015), que vemos abaixo.
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