O pessoal do «Porta dos Fundos» costuma ter imensa graça mas o que nunca cessa de me surpreender é o carácter internacional de algumas das suas caricaturas. Assim, no caso acima a figura central e desgraçada e risível é o correspondente em Lima, no Peru (Fábio Porchat), local onde, segundo ele, nunca acontece nada, e à custa do qual nos rimos durante o sketch. Mas o humor mais subtil aplica-se às figuras:
a) do jornalista que nunca saiu de São Paulo (Gregório Duvivier), que parece possuir um ascendente sobre os outros dois e que imaginamos a dissertar com conhecimento sobre tudo o que acontece em todo Mundo, embora nem precise de lá ter ido (não vos faz lembrar Nuno Rogeiro, que nem terá precisado de visitar Cabo Delgado para escrever um livro sobre a situação que se vive no Norte de Moçambique?...)
b) da correspondente que foi colocada nos Estados Unidos (Giovanna Nader) que, num punhado de meses após a colocação já desaprendeu e tem dificuldade em exprimir-se na sua própria língua materna, além de potenciar o valor dos livros lá de casa - obtidos como brindes - orientando as capas dos que são mais bonitos para a câmara durante estas conferências (estão a ver mais abaixo Márcia Rodrigues?...).
Eu estou plenamente convencido, por muito alto que eles se tenham em conta cá pela nossa paróquia, que não terá sido nem Nuno Rogeiro, nem Márcia Rodrigues, as fontes de inspiração para o dois bonecos dos humoristas brasileiros. Essas fontes devem ter sido brasileiras. O que me parece, neste Mundo agora pandémico mas que continua globalizado, é que se mantém também uma tendência para a globalização dos ridículos e é assim que conseguimos descortinar dois retratos portugueses numa paródia que não foi feita a pensar em nós.
Adenda do dia seguinte:
Aprecie-se este momento da intervenção hoje do correspondente londrino da CNN. O tópico são as manobras dos serviços de informação russos no Afeganistão e os «prémios de jogo» que eles terão instituído junto dos talibans para o abate de tropas britânicas e norte-americanas (seta alaranjada). Como o assunto envolve Rússia atente-se à composição da biblioteca à vista sob a seta amarela, e o que se pode ler das lombadas, em exibição ligeiramente mais subtil do que a de Márcia Rodrigues: Rússia (duas vezes), Gulag (duas vezes), o jovem Stalin, Politovskaia, o arquivo Mitrokhine, etc. É engraçado que esses eu consigo identificar, mas os livros da prateleira de cima, de lombadas mais finas, esses já não... Estas coisas estudam-se! Como é que não havia o Fábio Porchat de não andar em pulgas mais acima por não conseguir exibir devidamente a sua sabedoria?...
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