30 de Junho de 1960. Convém recordar antes de tudo que, pouco mais de cinco meses antes, ainda andavam os belgas a tentar organizar conferências em Bruxelas para uma transição compassada (i.e. lenta) da sua única colónia africana para a independência. Em vão. A cerimónia ficava marcada para a meia noite de dia 30 de Junho de 1960. Os franceses e os ingleses, como potências coloniais já mais experimentadas nestas coisas das cerimonias das concessões das independências, nunca haviam querido correr o risco de as dignificar com a presença do seu chefe de Estado ou de governo, mas os belgas, quiçá por inexperiência, quiçá por ingenuidade, dispuseram-se a correr o risco. E é assim que temos o soberano belga, o jovem rei Balduíno (1930-1993), a presidir a uma cerimónia solene que irá correr notoriamente mal - porventura será essa a explicação da ausência de som do vídeo acima. No seu discurso, o soberano terá sido genuíno e enfatizado, de uma maneira talvez inapropriada para a ocasião, a obra colonizadora dos belgas. Na resposta, o futuro primeiro-ministro congolês, o também jovem Patrice Lumumba (1925-1961), foi igualmente genuíno nas considerações que teceu sobre o racismo de que se revestira essa obra colonizadora, um gesto também não muito simpático para um novo país, desprovido de quadros, que iria necessitar seguramente de auxílio ao seu desenvolvimento. O rei ficou ultrajado e, por uma hora, as cerimónias estiveram paradas, enquanto os protocolos tentavam compor a situação. O rei abandonou o Congo ainda antes da meia-noite. Em Lisboa, notícias deste género eram música para os adeptos da facção dura da defesa das colónias portuguesas.
Porque deixar o Congo aos belgas? Poderia ser uma Grande Angola!
ResponderEliminarEu bem poderia ter deixado este comentário por publicar mas, pensando na sua origem desconhecida (unknown), porque não deixá-la para leitura dos curiosos?
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