Esta é uma daquelas notícias que, ainda hoje, não se pode dar sem explicações adicionais: o que é, onde fica, o que é que lá fazem nesse Brunei, onde ocorreu esta rebelião há precisamente sessenta anos, a 8 de Dezembro de 1962. O Sultanato do Brunei era um pequeno protectorado britânico de 5.765 km² e 84.000 habitantes situado na ilha de Bornéu, uma das grandes ilhas da Indonésia. Em 1929 descobrira-se ali petróleo que era explorado pela Shell e que conferia aos habitantes uma prosperidade anómala para uma colónia - como se lê numa das passagens do artigo, os habitantes não pagavam impostos. Os britânicos preparavam-se para abandonar aquelas paragens e haviam concebido uma configuração para um estado malaio que abrangesse todas as suas antigas colónias. O problema é que os habitantes do Brunei, por causa da sua riqueza petrolífera, não queriam fazer parte dessa federação da Malásia. E esta rebelião surge em consequência disso. Apesar de ter sido fomentada pela Indonésia (uma terceira parte interessada na questão), a verdade é que o braço político dos insurrectos gozava de simpatia popular suficiente para ter conquistado todos os 16 lugares eleitos dos 33 que compunham o primeiro Conselho Legislativo do protectorado. Descartada a questão do apoio popular*, o exército britânico, que já estava estacionado em número na região por causa da guerrilha malaia, reagiu rapidamente e em pouco mais de uma semana extinguiu a rebelião. Mas as consequências políticas impuseram-se: a projectada adesão de Brunei ao resto da Malásia foi adiada para depois nunca se vir a realizar. A independência de Brunei teve lugar em 1 de Janeiro de 1984.
* Um dos aspectos que a página da wikipedia em inglês que se refere a esta rebelião se esquece de pôr em perspectiva, é quando indica que o número de rebeldes rondaria os 4.000. Ora 4.000 rebeldes numa pequena população de 84.000 habitantes representariam cerca de 5% de toda a população de Brunei!
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