22 de Dezembro de 1947. O Diário de Lisboa concede um espaço da sua primeira página à notícia que se «admitiria que já» houvesse «aviões capazes de velocidades supersónicas». Contudo, no desenvolvimento da notícia, no que hoje se comprova ter sido uma manobra de desinformação, um coronel americano que era o comandante de uma base aérea californiana chamada Muroc (que o leitor português não faria a mínima ideia onde ficava*...), desmentia a notícia... sem verdadeiramente a desmentir, assegurando que «teria» tido «conhecimento do facto se ele tivesse ocorrido». «Parecia-lhe uma outra história semelhante à dos discos voadores». Na verdade, esse primeiro voo supersónico tivera mesmo lugar a 14 de Outubro daquele ano, e o aparelho que o realizara, um Bell X-1, conduzido pelo piloto de ensaios Chuck Yeager, descolara precisamente da base aérea comandada pelo coronel Gilkey**, que agora fazia figura de ingénuo. Mas a admissão oficial que o voo supersónico tivera lugar só se virá a verificar daí por quase seis meses, em Junho de 1948. Quando hoje se vê o documentário oficial sobre o feito do voo de Chuck Yeager (abaixo), nem nos apercebemos que se tratou de uma proeza inicialmente clandestina, por causa das vicissitudes da competição científica da Guerra Fria.
* Nem aparentemente o jornalista que, por duas vezes, escreveu o nome incorrectamente: Nuroc.
** E não Gilkie como o jornalista escreveu.
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