30 dezembro 2022

A GUERRA CIVIL DO PS

Nada mais apropriado para a cobertura do caso Alexandra Reis do que a associação de duas imagens: à esquerda, o despacho da Lusa, porta voz governamental e socialista, anunciando ontem à tarde aquilo que seriam os seus desejos - que o escândalo se encerrasse com a demissão de Pedro Nuno Santos; à direita, a capa matinal de hoje do Correio da Manhã mostrando que aquilo que o «PS diz» à Lusa não se escreve. O escândalo continua hoje e o artigo torna público o que ontem se tornou um segredo de polichinelo: que a mulher de Fernando Medina terá sido uma das intervenientes próximas ao processo da indemnização excepcional que foi concedida a Alexandra Reis. Aparentemente, o primeiro-ministro está muito longe de ter proferido uma decisão salomónica, aceite pela facção derrotada. Regista-se o esforço de, de dentro desta última, ter-se seleccionado o ministro Duarte Cordeiro para dizer coisas e acalmar as suas hostes. Só que, se António Costa parece já não ter grande autoridade sobre o partido, Duarte Cordeiro nunca a teve sobre a sua facção, e, a encerrar-se por agora e nestes termos, o caso Alexandra Reis saldar-se-á com uma indulgência inaceitável para com Fernando Medina, reconhecido à boca pequena como o sonso que finge que não sabia aquilo que se sabe que ele sabia. Não sei se lhe perdoarão. Por muita absoluta que seja a sua maioria, o PS parece estar mergulhado numa guerra civil.

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