24 de Dezembro de 1942. O vídeo de propaganda da época, apesar do primarismo que os costumava caracterizar, nem sequer tenta disfarçar o incómodo que representava para os comandantes aliados (identificam-se nas imagens os Generais note-americanos Dwight D. Eisenhower e Mark W. Clark) a pessoa do Almirante Darlan que, tendo sido a segunda figura da hierarquia da França de Vichy, se transferira para os aliados por ocasião dos desembarques aliados no Norte de África, que haviam tido lugar mês e meio antes. Concorria para denegrir a imagem do homem que viera de Vichy, agora com o título da «Alto-Comissário de França em África» uma ampla coligação que envolvia os liberais americanos, os gaullistas e os comunistas franceses e quase todos os britânicos, que apresentavam o almirante como a negação viva dos ideais pelo qual a coligação dos Aliados se dizia bater. Pelas 15 horas de há 80 anos, apresenta-se um jovem no Palácio de Verão em Argel que deseja ver Darlan por uma questão urgente, explica. Deixam-no esperar no salão de espera. Passado uns momentos, quando Darlan regressa do almoço, o jovem dispara três tiros à queima-roupa. Apesar de se tratar de uma pistola de calibre 6,35 mm e de apenas dois dos três tiros o terem atingido, o Almirante Darlan morre passadas duas horas no Hospital de Argel para onde foi levado de imediato. O assassino chamava-se Fernand Bonnier de La Chapelle, tinha apenas 20 anos e descobriu-se ter simpatias monárquicas. Mas a investigação sobre até onde iria a conspiração foi cortada cerce com um julgamento sumário de tribunal marcial em pleno dia de Natal que durou apenas esse dia, tomando por boa a confissão do réu de que não tivera cúmplices: «não é necessário sermos muitos para abater um traidor». A sentença - fuzilamento - foi executada logo pela madrugada do dia imediatamente seguinte, 26 de Dezembro de 1942. Todos gostamos de uma justiça expedita mas quando ela é assim tão expedita é caso para se desencadearem as maiores especulações...
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