9 de Dezembro de 1992. No cumprimento de uma Resolução do Conselho de Segurança da ONU (nº 794) que fora aprovada por unanimidade uma semana antes em Nova Iorque, unidades de combate dos fuzileiros dos Estados Unidos começam a desembarcar nas praias da capital da Somália, Mogadíscio. O desembarque foi organizado a partir das primeiras horas da madrugada com toda a espectacularidade de uma operação anfíbia clássica (género operação Overlord de 6 de Junho de 1944!) com a curiosidade - que não escapou a todas as estações de televisão norte-americanas - de vir a acontecer em horário nobre televisivo - o serão - nos Estados Unidos! Portanto, todas aquelas manobras furtivas nocturnas, preparatórias de um desembarque em território controlado pelo inimigo foram acolhidas em terra, não pelos guerrilheiros somalis, mas por um exército de jornalistas e de operadores de imagem, de som, de luz, afinal o prometido inimigo consistia numa parafernália de profissionais de outras guerras, que não só desconcertava os fuzileiros, como, ainda por cima, mostrava a todos os lares americanos dispostos a seguir o acontecimento, um comportamento não apenas agressivo, como totalmente descabido por parte dos militares. Aquilo que fora concebido para ser uma operação séria tornara-se - passe o anacronismo de os protagonistas não conhecerem a expressão - aquilo que em Portugal designamos por uma guerra do Solnado. Depois do sucesso que fora o controle do que os jornalistas relatavam durante a Guerra do Golfo em 1991, os militares pareciam ter voltado à estaca zero.
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