Foi uma revelação para mim a crónica deste fim de semana de José Pacheco Pereira no Público (acima). Contém duas passagens (realçadas a itálico e por mim transcritas abaixo) em que o autor transcreve as respostas que terá recebido, produzidas pela Inteligência Artificial de um site que indica. As respostas, como se pode comprovar, são assustadoramente impressionantes, parecem humanas. Tenho até um amigo que opina usando este mesmo género de banalidades, mas que, infelizmente, tem menos jeito para escrever do que esta máquina e que, na improbabilidade de ter lido esta crónica, é capaz de ficar complexado. Mesmo sem saber que parcela de mérito posso atribuir ao pensador e qual a atribuir ao tradutor, estes parágrafos equivalem-se, na sua capacidade de recapitular o óbvio que já se sabe, de não acrescentar nada de novo e de não responder ao que verdadeiramente queremos saber, a um bom comunicado da presidência do conselho de ministros...
Por sinal, foi ao lembrar-me dessa (in)utilidade política - a dos comunicados da presidência do conselho de ministros... - de juntar palavras sem qualquer conteúdo que interesse aos destinatários, que me lembrei do quanto estes parágrafos acima são parecidíssimos com as intervenções de Ana Catarina Mendes no programa televisivo O Princípio da Incerteza, um programa que é estrelado (desde o início, vai para 30 anos) pelo próprio José Pacheco Pereira. Ou será que a José Pacheco Pereira não lhe ocorreu a flagrante semelhança de estilos entre a máquina e a personificação da máquina (partidária), protagonizada pela sua antiga colega de programa? Só ele pode responder, mas a questão é interessante no sentido de diferenciar entre a Inteligência Artificial e a inteligência natural (esta última sem maiúsculas), quando a segunda, mais do que recapitulações metódicas do que é sabido, às vezes produz associações improváveis e inesperadas entre temas que não estavam originalmente em cima da mesa...
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