17 fevereiro 2022

A «PEÃ DE BREGA» DO GOVERNO SOCIALISTA

Na tauromaquia, o peão de brega é a figura subalterna do espectáculo que tem como função posicionar o toiro em praça, da melhor forma para a lide. Em política, continua a ser uma figura subalterna que tem que aplacar e deflectir as críticas que surgem nos órgãos de comunicação social a respeito das broncas grosseiras que os governos às vezes cometem. Como foi a questão da anulação dos 157 mil votos dos emigrantes, quando, a 13 de Fevereiro, o Ministério da Administração Interna (MAI) agravou a barraca em que se metera, produzindo um comunicado a fingir que aquilo não tinha sido nada com ele. No dia seguinte, dia 14 de Fevereiro, tivemos oportunidade de assistir a um penoso momento de televisão na CNN, com a comentadora residente Ana Catarina Mendes (pelo PS) a tentar argumentar, pateticamente, em prol do que não fazia qualquer sentido - que o MAI não tivera qualquer responsabilidade pelo resultado final do escrutínio*. (ou seja, a tese era que o MAI seria só responsável pela logística, o escrutínio não é com eles - o facto dos resultados eleitorais estarem afixados num site com a denominação https://www.legislativas2022.mai.gov.pt/parece ser irrelevante...) Mas no dia seguinte, 15 de Fevereiro, à entrada de uma reunião da comissão política nacional do PS e sem ter que se bater com o contraditório, apenas com pessoas a segurar em microfones, António Costa mostrou como era a nova versão socialista dos acontecimentos, anunciando que o episódio «deve servir de lição para todos». Mais uns do que outros, impor-se-ia a clarificação, pensando na figura ridícula que Ana Catarina Mendes fizera na televisão precisamente no dia anterior... Quando as especulações a dão, a Ana Catarina Mendes, como uma possível ministra do próximo governo, confesso que a minha primeira reacção a essa hipótese foi, já que isso implicaria o abandono do programa da CNN, pensar na vantagem que esse desaparecimento representaria para o showbiz do comentadorismo político na televisão portuguesa. Quanto ao impacto dessa hipotética presença na equipa governamental, ficamos para a avaliar quando do anúncio da sua composição, agora retardada.  
* «– O que o MAI veio dizer é que tudo o que dependia do MAI, ou seja, chegar o processo, os cadernos eleitorais, os votos, as pessoas terem o direito a votar - tanto mais que votaram! – tudo isso foi cumprido. O que acontece é que, depois de se ter assumido uma prática...»(Ana Catarina Mendes)
«– E o MAI só cedeu o espaço para a tal reunião?» (Cecília Meireles)
«– E não sabia qual era o conteúdo da reunião?» (José Pacheco Pereira)
«– Estão a fazer-me perguntas sobre uma reunião onde eu não estive. A minha verdadeira preocupação é que, depois de haver um governo que se preocupa com a comunidade emigrante, que garantiu o recenseamento automático e que isso permitiu que mais pessoas pudessem votar, que mais pessoas tivessem votado nestas eleições do que nas eleições anteriores...»(Ana Catarina Mendes)

4 comentários:

  1. Seria importante saber se o MAI fornece ou não aos escrutinadores dos votos instruções precisas sobre como devem proceder e, se esses escrutinadores não seguem essas instruções, se podem ou não ser penalizados por cumprirem mal o seu trabalho (pelo qual são pagos).
    Eu estive como observador de um partido na contagem dos votos dos emigrantes e verifiquei que em diferentes mesas se usava métodos muito diferentes, mais rigorosos numas mesas do que noutras. Numas mesas as fotocópias dos cartões de cidadão eram lidas, confirmadas e preservadas, noutras nem sequer eram lidas, eram rasgadas e imediatamente atiradas para o lixo. Numas mesas os envelopes verdes eram acumulados e somente no final abertos, noutras eram abertos imediatamente. E assim por diante.
    Questiono se o MAI fornece instruções e verifica o seu cumprimento, ou se aquilo é tudo feito somente de acordo com instruções partidárias.

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    1. Então quando lá esteve como observador não lavrou um protesto em nome do seu partido por causa dessa disparidade de procedimentos no escrutínio?

      Só se ensaia em levantar objecções quando comenta nos blogues, é? E quando é importante?

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    2. Eu só lavro um protesto em nome do meu partido se o meu partido tem alguma coisa a protestar. Não lavro um protesto pessoal.
      A disparidade de procedimentos não significa fraude, e fraude eu não observei nenhuma. Os votos foram todos, tanto quanto pude ver, bem contados.
      O que eu digo é que não deveriam ser somente os partidos a verificar de que forma as mesas atuam. Deveria ser o MAI, que é quem paga àquela gente toda para trabalhar.

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    3. Então, se não houve nada a contestar porque é que veio para aqui falar do assunto? Se não era relevante lá, muito menos o será aqui. Ou está só a fazer conversa?

      Se é isso, então é melhor que dirija os seus comentários ao programa da CNN e à Ana Catarina Mendes que ela, pelo que pude apreciar, arranja-lhe uma explicação para que o MAI se demita das suas responsabilidades. Estúpida, mas arranja. E olhe que ficam bem um para o outro.

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