13 fevereiro 2022

VLADIMIR PUTIN NÃO É DE CONFIANÇA

Ainda a propósito de Vladimir Putin (poste anterior), repare-se como, para além dos norte-americanos e das consequências da sua propaganda entre a sua própria opinião publicada, também entre os europeus se estabeleceu a imagem que Vladimir Putin é um f*** da p***, em quem não se pode ter a mínima confiança, a ponto de os seus dirigentes - os dos países da Europa ocidental - se utilizarem do expediente de exprimirem publicamente a sua antipatia por Putin, para ganharem pontos entre as suas opiniões publicadas domésticas. Aqui há dois anos e meio, por ocasião da cimeira dos G20 de Osaka em Junho de 2019, a primeira-ministra britânica Theresa May tirou a fotografia protocolar com o presidente russo exibindo a expressão desagradada que a imagem acima documenta, depois de o ter «instado» a «parar com os seus actos de desestabilização». (sendo estes os «actos de desestabilização») Agora, e ainda há um punhado de dias foi a vez do presidente francês Emmanuel Macron protagonizar uma visita de mediação, para negociar «até ao fundo das questões» com Putin, a crise ucraniana. Claro que é tudo treta: recorde-se que as eleições presidenciais francesas serão já em Abril deste ano, daqui por dois meses, e uma iniciativa destas cai sempre bem entre os franceses, assim como cai sempre bem entre os franceses dar mostras de iniciativas próprias desalinhadas das da política externa dos Estados Unidos. Mas o mais interessante da iniciativa não foi o desfecho - Macron veio de Moscovo de mãos a abanar, como seria de esperar - mas a fotografia do encontro entre os dois presidentes, de onde, se tiver sido para valer, devem ter saído ambos roucos, de tanto berrarem... Como as trombas de Theresa May, o comprimento da mesa de negociações foi um dos poucos tópicos aproveitáveis da visita. A explicação é de uma frontalidade desarmante, tanto mais por que prestada pela diplomacia francesa, e porque em termos diplomáticos e a este nível, uma tal frontalidade é para ser considerada um insulto: Emmanuel Macron recusou-se a fazer um teste à covid-19 feito pelos russos, alegando receios que os russos depois se aproveitassem do DNA contido no esfregaço para qualquer fim menos confessável, é o que se pode ler na explicação prestada pelos franceses à Reuters. Trata-se, paradoxal e simultaneamente, de uma profissão de confiança nas capacidades técnicas do pessoal do KGB mas também de desconfiança nas suas intenções.

2 comentários:

  1. se tiver sido para valer, devem ter saído ambos roucos, de tanto berrarem...

    Eu diria que não, pois provavelmente não estariam a falar diretamente um com o outro, mas sim através de intérpretes.

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  2. Eu diria que não...

    Lavoura: sem responder aos dois trabalhos de que já o encarreguei - estudar mais a fundo a batalha do Mar de Arafura e traduzir do alemão a primeira página do programa de Ahlen - você não tem direito a dizer nada...

    Quanto ao assunto em si, e ainda no condicional, poderiam ter falado para um microfone, poderia haver altifalantes ou colunas de som, poderiam os dois empunhar cornetas auditivas como a do professor Tournesol.

    Da minha parte, eu diria, sobretudo, que a hipótese deveria ter sido lida com uma pontinha de sentido de humor, que já deu para perceber que é algo a que o Lavoura é completamente impermeável.

    E por falar em falta de sentido de humor e considerando o que já por aqui se passou, em mais de uma ocasião me senti a fazer de Groucho Marx com o Lavoura a contracenar comigo como se fosse a Margaret Dumont, completamente obtusa aos comentários irónicos que Groucho lhe faz.

    A Margaret Dumont ainda recebia um "cachet" para fazer os filmes.

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