12 fevereiro 2022

O INÍCIO DO JULGAMENTO DE SLOBODAN MILOSĚVIĆ

Haia, Países Baixos, 12 de Fevereiro de 2002. Início do julgamento de Slobodan Milošević. O antigo presidente da Sérvia e da Jugoslávia e réu comparece em tribunal acusado de: genocídio; cumplicidade em genocídio; deportação; assassinato; perseguições por motivos políticos, raciais e religiosos; actos desumanos e transferência forçada; extermínio; prisão; tortura; assassinato intencional; confinamento ilegal; causador intencional de grande sofrimento; deportação ou transferência ilegal; destruição extensa e apropriação de propriedade, não justificada por qualquer necessidade militar e realizada de forma ilegal e arbitrária; tratamento cruel; saque de propriedade pública e/ou privada; ataques a civis; destruição ou dano intencional a monumentos históricos e instituições dedicadas à educação ou religião; ataques ilegais a bens civis. A acusação desenrolar-se-á de acordo com a extensão de todas estas acusações que acima se podem ler e, como se imagina, tomará dois anos a concluir-se, depois do tribunal ouvir 295 testemunhas e de terem sido apresentadas mais de 5.000 provas. Por um princípio de equilíbrio, foi concedida à defesa um período de tempo idêntico para a sua tarefa. Não surpreende por isso saber que, mais de quatro anos depois, a 11 de Março de 2006, e quando ainda decorria o julgamento, o tribunal foi surpreendido pela morte súbita do réu, de ataque cardíaco. Foi um completo anti-clímax. Tantos cuidados se puseram no formalismo do funcionamento do tribunal que se perdeu completamente de vista a sua funcionalidade e o o objectivo do julgamento. Os factos haviam ocorrido primordialmente com a dissolução da Jugoslávia, que ocorrera em 1991, ou seja 15 anos antes... Uma efeméride para constatar que não é só por cá que este fenómeno acontece, nos casos de José Sócrates, Ricardo Salgado, etc., que, quando forem julgados, já as pessoas se esqueceram do porquê. 

5 comentários:

  1. "25 anos antes"?! Parece haver um engano... Se os factos ocorreram em 1991 e o julgamento começou em 2002, foram somente 11 anos.

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    1. ...foram somente 11 anos

      15 anos Lavoura, 15 anos. O presente da narrativa - «Foi um completo anti-clímax.» - já é, nessa altura do texto, Março de 2006.

      Porque é que você guarda estes seus apartes rigorosos mas também estúpidos só para mim, Lavoura?

      Até já me queixei recentemente num comentário no blogue do «nosso embaixador em Paris»...

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  2. Muito triste mesmo 😢, da mesma forma lideres corruptos deveriam ser julados por mas que não sejam genocidas a as mortes pela negligência da corrupção são um crime terrível.

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  3. Pura e simplesmente não entendi que queria dizer 15 anos. Percebi que "25 anos" estava errado, mas não adivinhei qual seria o número certo.
    Talvez devido a deformação profissional, tenho a mania dos pormenores e da exatidão. Sei que isso é irritante para outras pessoas, mas sou mesmo assim. Em matemática não se pode descurar pormenores nem exatidão.

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    1. Em matemática não se pode descurar pormenores nem exatidão.

      E em português é indispensável entender o conteúdo do texto que se lê.

      Para compreender aquilo que aqui escrevo é preciso associar o domínio dos dois: da matemática mas também do português.

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