Dois meses depois da sua posse em substituição de Marta Temido, já se percebeu o estilo que Manuel Pizarro irá adoptar para a gestão da pasta da Saúde: negar o óbvio. Com o óbice adicional do ministro, com os seus olhos esbugalhados e uma língua que parece não caber toda na boca, ser muito menos fotogénico que a antecessora. Pegando apenas nestes dois exemplos desta semana, suponho que todos adivinharemos que, depois de nos dizer num desses dias que a «situação nos hospitais» está «muito melhor» do que há oito dias, quando ela voltar a piorar - e vai piorar certamente ao longo deste mês de Dezembro - o nosso amigo ministro xeidafome vai desaparecer da mira dos microfones para que não lhe façam perguntas chatas, pedindo-lhe comparações com o que a situação piorou em relação à semana passada. Da mesma forma que as suas preocupações com «três ou quatro ou cinco urgências» são uma outra forma de «relativizar o problema». Se não fosse, ele não teria precisado de «ressalvar» que não estava a fazê-lo (relativizar o problema). Os «problemas sérios» não ocorrem apenas nessas urgências em que, mais do que a realidade como estão a funcionar, são as demissões dos intervenientes que tornam impossíveis ao ministro xeidafome esconder que existem (os problemas). Existem e existirão em muitas mais urgências dos "80 e tal" hospitais deste país. Em vez de a comunicação social se fiar nas declarações do ministro xeidafome, valeria a pena irem lá perguntar... Também não me parece que os interessados acreditem que seja - outras declarações apaziguadores do ministro xeidafome - «o“amplo processo de diálogo” com os profissionais de saúde» que aporte soluções para problemas que decorrem de «uma situação absolutamente crónica, (que) não é nada de novo» (ministro dixit). Se não é nada de novo, então não será o «amplo processo de diálogo» que as resolverá. O que os resolverá serão medidas concretas, já que o problema é conhecido e, mais do que isso, crónico. A não ser que o ministério da Saúde venha a admitir que não tem soluções para o problema... Isso é que eu desconfio que o ministro xeidafome não pode fazer. Porém, antes que chegue o Domingo e que Ricardo Araújo Pereira arrase com mais este ministro no seu programa humorístico «Isto é gozar com quem trabalha», lembremos que este exercício à xeidafome de negar as evidências para lá do limiar do absurdo, já foi objecto há mais de 50 anos de um sketch cómico dos Monty Python, com um cliente de uma loja de animais que se queixa de lhe terem vendido um papagaio morto, ao que o vendedor contrapõe justificações descabidas que estão ao mesmo nível das que são apresentadas pelo nosso actual ministro da Saúde.
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