Essencialmente, isto que aparece acima não tem qualquer relevância política e não passa de coscuvilhice de redes sociais, capeada por uma veemência encenada, a que se associa uma certa pretensiosidade. Não se argumenta, dizem-se umas coisas. Mas constitui uma bela lição pública (caso Luís Montenegro não a soubesse já...) daquilo que aqueles que vogam pela ala direita deste PSD pensam e desejam politicamente. Depois de anos a fio a arriar em Rui Rio, percebe-se que Luís Montenegro, mais do que um sucessor, não passa de um sucedâneo (em pobre, um ersatz) do magnífico Pedro Passos Coelho, que tantas saudades terá deixado!... E quando surge uma oportunidade de mostrar para que lado o coração balança, como aconteceu agora com a questão da eutanásia, não há pudor em se dissociar do poder em exercício. Poucas coisas há mais incómodas do que escolher entre duas más opções. Mas a situação pode tornar-se ainda mais incómoda - por vergonha alheia - quando vemos alguém optar com galhardia por uma dessas opções, proclamando a excelência da sua escolha como acima. Que disparate. Em exemplos históricos de regressos bem sucedidos à ribalta política, eu percebo um gaulismo em França ou um peronismo na Argentina, mas qualquer um deles, de Gaulle e Perón, possuem um lastro político que não existe em Pedro Passos Coelho. E não estou a referir-me à faceta anedótica da sua leitura da «Fenomenologia do Ser» de Jean Paul Sartre. Estou a referir-me a alguém que, aos trinta e tal anos, homem feito, supostamente experiente, ainda acreditou piamente nas teorias das aulas que lhe dava Maria Luís Albuquerque, a ponto de depois a ter convidado para o seu governo. Há indigências intelectuais (do próprio Passos Coelho) e de análise política (dos seus seguidores) que são imperdoáveis...
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