Este é um daqueles momentos que é uma verdadeira angústia do ponto de vista científico e académico, tal é o desequilíbrio de cultura e conhecimentos entre o historiador português João Pedro Marques e a jornalista brasileira Giuliana Miranda. Uma pessoa normal apercebe-se que a cena é um massacre intelectual: naquilo que concerne especificamente ao tópico da escravatura transatlântica, o primeiro estudou-o aprofundadamente, encadeia mesmo vários argumentos* arrasadores contra as pretensões brasileiras de se desresponsabilizar por aquele comércio, enquanto a segunda acha umas coisas e limita-se a ripostar com umas interjeições que se pretendem pretensamente irónicas. Um conhece o assunto de que está a falar, a outra não faz nem ideia. Também, é uma mera jornalista... Escrevi mais acima que uma pessoa normal aperceber-se-ia do significado da cena, só que os anfitriões deste patético momento foram a SIC Notícias e Ricardo Costa, que não é uma pessoa normal: é um jornalista de televisão também particularmente ignorante como a Giuliana. Se o fosse (normal), Ricardo Costa teria compreendido o que estava a acontecer e interrompido o espectáculo, como o fazem os árbitros de boxe, para protecção do mais fraco quando se vê que há um desequilíbrio notório entre os contendores. Aqui não: o programa prosseguiu fingindo que os argumentos se equivaliam. Pobre Giuliana! Tonto Costa! (Recordo aqui que Ricardo Costa era alguém que, há quinze anos, julgava que as doze estrelas da bandeira europeia representavam cada uma os estados membros - ignorância por ignorância, recordemos que isto não é só a ignorância do número das quinas do Sebastião Bugalho, a classe dos opinadores está muito bem servida de tontos ignorantes...)
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