24 maio 2024

CONCEDAMOS TEMPO PARA AVALIAR AQUILO QUE OS APOIOS APOIAM

Aqui há sete meses e meio, o governo de então anunciou com a promoção que a imagem acima à esquerda mostra, que decidira subsidiar a habitação daqueles professores que fossem colocados a mais de 70 km de suas casas. Uma medida consensual que, aparentemente, ninguém da oposição contestou. Um mês depois, o ministro da Educação fez render o peixe, anunciando na AR que estimava vir a gastar 8 milhões de euros naqueles apoios consensuais. Seis meses depois desse anúncio, uma avaliação - mortífera! - ao impacto de tão popular apoio, chega à conclusão que apenas dez professores tinham tido acesso ao apoio (acima, à direita, haviam sido apresentadas 49 candidaturas) e que até então haviam sido gastos 11 mil dos 8 milhões com que o ministro enchera a boca. Nós podemos já nos ter esquecido, mas este era o estilo do anterior governo socialista: havia um cuidado extremo na mensagem política, mas cada vez havia mais exemplos em que se descobriam absurdos deste género quando a actuação política era verdadeiramente escrutinada. O que nos trás para o anúncio de ontem de Luís Montenegro a massajar os jovens. A intenção de os cortejar a propósito destas próximas eleições europeias é óbvia, a começar pelo mirim que ele escolheu para encabeçar a lista do seu partido. E registe-se que a proposta de Montenegro contém os seus truques nas letras pequenas: o anúncio ao apoio à aquisição de habitação é feito agora, mas só entrará em vigor daqui por mais de dois meses: a 1 de Agosto. Mas aquilo que está a suscitar uma, para mim, irritante controvérsia, é a questão do apoio estar a abranger jovens de escalões elevados de rendimentos, que ganhem até €5.800 por mês que se disponham a adquirir casas com valores até € 450 mil. Que tem de ser o verdadeiro alvo de uma medida que queira fixar em Portugal as elites jovens, por muito que a configuração teórica da medida irrite o discurso tradicional do apoio ao carenciado. Veja-se mais acima o consenso à volta do apoio aos professores, coitados, e lembre-se qual foi o resultado. Aqui creio que deve fazer-se o mesmo: avaliar o resultado da medida seis meses depois da execução. Estas medidas devem ser avaliadas pela sua eficácia. Em Março de 2025 voltamos a falar, já com números quanto a apoios efectuados (que se espera que sejam mais do que dez...) e com um valor médio dos imóveis transaccionados que receberam apoio do Estado, para perceber se a medida foi devidamente calibrada para quem dela mesmo precisa.

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