(Republicação a pretexto do cinquentenário da primeira publicação do anúncio do inspector Varatojo, desmentindo que a inspecção dele tivesse alguma coisa a ver com a PIDE)
Figura mediática (sobretudo televisiva) de antes do 25 de Abril, a imagem de Artur Varatojo (1926-2006) estava indissociavelmente ligada à criminologia e à literatura policial. Foi por isso com alguma surpresa que, nas semanas que se seguiram ao 25 de Abril, os leitores dos jornais o viram a ele (entre muitos outros), a desmentir em anúncios pagos (abaixo) que alguma vez tivesse pertencido ou estado ligado à PIDE. Houve quem atribuísse essas preocupações ao epíteto forjado de inspector que adoptara por causa da sua imagem.
Porém, uma possível explicação alternativa, mais séria e mais elaborada, para o que parecia a defesa contra uma sanha persecutória contra o Varatojo podemos encontrá-la na capa de uma revista que foi publicada dois meses e meio depois do 25 de Abril e onde se empilham casualmente fichas de funcionários da PIDE e ali encontramos uma de um homónimo (assinalada a branco) do nosso amável investigador policial. Eram tempos de Liberdade, mas onde era impróprio usurpar títulos de inspector e possuir-se um apelido inconveniente…
Este é um texto que, conjuntamente com o do Caçador de Pides mais abaixo e glosando mais uma vez José Carlos Ary dos Santos, poderá constituir uma série a que, pela imaginação e por isso orientadas para o céu, se pode dar o título de, em vez de portas, as mansardas que Abril abriu…
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