Em 19 de Fevereiro último houve uma fracção de manifestantes da PSP, GNR e dos guardas prisionais, estimada aproximadamente num milhar de manifestantes, que abandonou a manifestação oficial que decorria no Terreiro do Paço, para se concentrarem junto ao Parque Mayer, cercando o local onde iria decorrer o último debate eleitoral entre os candidatos Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. Além de ser formalmente ilegal, pois não foram solicitadas quaisquer autorizações para uma manifestação naquele local, aquela iniciativa foi considerada intimidatória – houve um cerco ao local e os manifestantes só o abandonaram depois do debate ter terminado. Seguiu-se depois um período de troca de acusações e intimidações da hierarquia, conforme se pode perceber pelo mosaico de notícias acima, episódio que agora se veio a concluir com o artigo que está ampliado: o Ministério Público pronunciou-se pelo arquivamento do inquérito, por impossibilidade de identificação dos seus promotores. É um daqueles casos em que se pode dizer que, quanto menos se disser, melhor. Apesar de tudo, é bom perceber que há procuradores do Ministério Público que conseguem arquivar um inquérito em apenas três meses, o pior é o contraste com colegas seus que, em seis meses, ainda não conseguiram promover a diligência de ouvir as declarações de um antigo primeiro-ministro que se demitiu por causa da sua associação a um processo que se desencadeara entretanto. Então quando pensamos num outro antigo primeiro-ministro, que foi detido preventivamente há nove anos e meio, então disso, do facto de ainda nem sequer ter começado o julgamento, disso é que é mesmo melhor nem falar!
"aquela iniciativa foi considerada intimidatória – houve um cerco ao local e os manifestantes só abandonaram o local depois do debate ter terminado."
ResponderEliminarChateia-me quando sou sequestrado pah!
"o pior é o contraste com colegas seus que, em seis meses, ainda não conseguiram promover a diligência de ouvir as declarações de um antigo primeiro-ministro que se demitiu."
Correcto, num pais normal, a elite da magistratura, obviamente demitia-se.
"Então quando pensamos num outro antigo primeiro-ministro, que foi detido preventivamente há nove anos e meio, então disso, do facto de ainda nem sequer ter começado o julgamento,"
Prende-se para investigar.
Prende-se com o pretexto de perigo de fuga na seccao de Chegadas de um aeroporto
Prende-se com um cortejo de jornalistas "convocados" - verdadeiro reality show
Nao so nao ha julgamento como as teses e prova acumuladas pela acusacao sao ridicularizadas e largamente metidas no caixote do lixo pelo Tribunal da Relacao. Entretanto o caso arrasta-se em tribunal principalmente (nao inteiramente e certo) devido a atrasos e recursos interpostos pela acusacao.
Se isto e a forma como um ex-primeiro ministro e primeiro ministro em funcoes sao tratados, imagine-se a tragedia que e para um qualquwer desgracado se ver enredado nos labirintos judiciais portugueses...
Nao sou, nem nunca fui, aficionado do Socrates como operador politico e muito menos como pessoa. Aqueles maneirismos e forma de falar dele lembram-me demasiado um vendedor de carros usados... Politicamente, foi mais um daqueles politicos da terceira via, contentinhos com o Processo de Floridificacao em Curso (PFEC) do meu Portugal no seio da Uniao Europeia.
Mas caramba, acho que o passar do tempo demonstra ad nauseaum que o tipo nao so estava carregado de razao numa serie de decisoes politicas que tomou ou tentou tomar [mesmo no seio dos constrangimentos impostos pela UE realmente existente] e que nao sendo uma vitima inocente de todos os crimes que o acusam, tambem nao e culpado de bem mais de metade do que o acusam - isto e, foi, objectivamente injusticado.