(Republicação)
25 de Maio de 1999. Em Washington DC, uma comissão da Câmara de Representantes apresenta um documento com 900 páginas que se dedicara a investigar as actividades da espionagem militar dos chineses nos últimos 25 anos (os 25 anos anteriores, perceba-se, desde 1974). Para a imprensa, o Relatório adquiriu o nome de quem presidiu à comissão, o congressista republicano da Califórnia, Christopher Cox. Sob o conteúdo e as conclusões do Relatório Cox, podem-se sintetizar as 900 páginas (muitas delas sombreadas, pelas tradicionais razões de segurança), dizendo que a comissão formara a convicção que durante todos aqueles anos os serviços de informações da República Popular da China haviam desenvolvido esforços concertados para a aquisição do design dos engenhos termonucleares norte-americanos de última geração, numa tentativa de colmatar o hiato tecnológico que separava a China dos seus rivais (Estados Unidos e Rússia). Mais: o Relatório considerava que a espionagem chinesa fora bem sucedida nesses esforços. Este é o género daqueles acontecimentos inoportunos com que os governos não gostam de lidar: são assuntos demasiado sérios para poderem ser descartados facilmente por aqueles que gerem o spin das notícias, e ao mesmo tempo são assuntos demasiado graves, para que as opiniões públicas, as mais das vezes indignadas, não reajam, apossando-se do tema, e com isso causando danos diplomáticos indesejáveis. Neste caso, apesar da seriedade das acusações, a Administração Clinton parecia não se mostrar interessada em indignar-se muito e puxar pelo assunto, conforme se percebe logo pelo princípio do artigo (abaixo) enviado no dia seguinte por Bárbara Reis para o Público. Fossem as circunstâncias as actuais, e imagine-se o banzé!
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