01 maio 2024

QUANDO A EUROPA QUE SE ATASCAVA EM TRATADOS...

(Republicação com uma nova redacção)
1 de Maio de 1999. Entrava em vigor o Tratado de Amesterdão que fora assinado 19 meses antes na cidade holandesa (fotografia acima). Substituía o Tratado de Maastricht que, entrado em vigor em 1 de Novembro de 1993, quer dizer que também durara apenas uns cinco anos e meio. Mas este Tratado de Amesterdão também estava, por sua vez, fadado a não durar muito, substituído daí por menos de quatro anos pelo Tratado de Nice, que entraria em vigor em 1 de Fevereiro de 2003... E o de Nice seria por sua vez substituído pelo Tratado de Lisboa, entrado em vigor dali por menos de seis anos, a 1 de Dezembro de 2009 - é o tal em que entra o Sócrates a dizer Porreiro, pá! Porreiro! De 1991 a 2009, durante cerca de uma dúzia e meia de anos, as opiniões públicas europeias foram brindadas com uma coreografia de tratados e acordos que lhes foram sempre apresentadas como extremamente positivas, até que a dinâmica da encenação colapsou perante uma grande crise financeira internacional. A União Europeia é uma coisa que existe, que sobreviveu à saída do Reino Unido (gesto que lhe terá até conferido, paradoxalmente, mais consistência), e que, com excepção das correntes políticas mais radicais (que nunca quiseram que existisse), ninguém parece saber muito bem o que lhe há-de fazer mais - quem mexer, arrisca-se a estragar. A verdade é que, de há quinze anos para cá, já ninguém se costuma referir de forma grandiloquente à construção europeia e a outras banalidades pseudo-visionárias que foram tão comuns ouvidas a toda uma geração de líderes europeus, muitos dos quais aparecem a fazer figuração nesta fotografia acima. Vinte e cinco anos depois, fartaram-se de assinar coisas mas não se pode dizer que tenham deixado obra - pelo menos todos aqueles tratados estão esquecidos.

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