(Republicação)
7 de Maio de 1954. Há 70 anos rendiam-se as últimas unidades francesas que ainda resistiam em Dien Bien Phu ao cerco que lhes fora imposto nos últimos 57 dias pelas forças do Viet Minh. O local da batalha, no mais remoto interior do Norte do Vietname, no coração de uma região absolutamente controlada pelo Viet Minh (ver mapa mais abaixo), fora escolhido pelos próprios franceses, o que tornava a derrota ainda mais amarga. Em Paris, o Le Monde embrulhava-a numa circunspecta constatação factual: não há notícias da guarnição de Dien-Bien-Phu.
Não se consegue justificar uma derrota desta amplitude sem ter que condenar aqueles que foram os seus responsáveis militares e, quando não se quer fazer isso, romantiza-se o episódio, divergindo a atenção da narrativa da batalha para os actos de bravura individuais dos combatentes e/ou para aspectos anedóticos a ela associados. Em Dien Bien Phu, as posições francesas (acima) tinham todas nomes femininos, a que alguém mais imaginativo pôs a correr tratar-se das antigas amantes do general francês que comandava a guarnição. É uma história engraçada para justificar o feminino num meio onde ele era escasso, mas, mais prosaicamente, tratou-se apenas de dar sonoridade a posições que haviam sido designadas inicialmente pelas letras do alfabeto: A (Anne-Marie), B (Béatrice), C (Claudine), D (Dominique), E (Eliane), F (?), G (Gabrielle), H (Huguette) e I (Isabelle).
Se o mapa do campo de batalha de Dien Bien Phu (mais acima) é costumeiro, muito mais raro é este mapa acima, que nos mostra a situação militar na Indochina Francesa nesse mesmo mês de Maio de 1954 e que, à época, deveria ser um segredo militar.. As regiões pintadas de laranja são consideradas sobre controle do Viet Minh e as encarnadas são as que estão em disputa. Embora as populações se concentrem mais nos deltas dos rios e nas zonas costeiras e ribeirinhas, mesmo assim é evidente que coexistiam duas administrações rivais na Indochina: a que transitara da administração colonial francesa e a nacionalista/comunista. Dien Bien Phu foi só a constatação sangrenta da impotência francesa.
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