20 maio 2024

OS "MELÕES" (ELEITORAIS) E AQUILO QUE PARECE SER A NOVA ESTRATÉGIA POLÍTICA DA "MELANCIA" COMUNISTA

Se querem saber a minha opinião ao ler esta promoção às «jornadas parlamentares comunistas», acho que é uma grande injustiça para os mais de 40 anos de leais serviços à causa comunista por parte do partido ecologista os verdes. O PEV «foi fundado em 1982 e concorreu sempre às eleições em coligação com o PCP», na função subalterna de partido satélite encarregue dos assuntos ambientais e com a função de fazer com que o PCP se apresentasse a eleições como se fosse uma frente eleitoral, e não o partido per se. O sucesso da primeira parte do expediente não parece ter durado muito, mas, avaliando a duração de 40 anos, terá deixado os seus autores felizes quanto ao sucesso da segunda parte - a da ficção da frente eleitoral. Até ao definhamento eleitoral do PCP registado nas sucessivas eleições legislativas desta última década: 446.000 votos (2015), 332.000 (2019), 242.000 (2022), 203.000 (2024). Apesar da robustez aparente da expressão acima, onde se lê «...que juntarão os deputados e eurodeputados do partido», está-se a falar concretamente de uma meia-dúzia: são quatro deputados e dois eurodeputados, os que o PCP conta hoje por eleitos (quiçá queiram adicionar ainda o deputado regional da Madeira ao elenco para serem sete...). Por detrás desse parece-o-que-não-é, aquilo que me considero verdadeiramente inédito no artigo comunicado acima é o destaque dado a assuntos que canonicamente pertenceriam aos verdes - «questões que se prendem com a defesa do ambiente, a protecção do nosso património natural, da natureza, da biodiversidade». Ora esta manobra parece-me uma grande - e injusta - rasteira à Heloísa Apolónia. Depois de tantos anos com os verdes, são agora os comunistas, falhos de outras perspectivas, a quererem fazer-se passar por melancias. É ainda mais triste do que quando eram os verdes a fazê-lo, passarem-se por ecologistas.

É que a imagética tradicional do comunismo está repleta de exemplos do Homem a dominar e domar a natureza, de hossanas à produção, como esta fotografia abaixo de Vsevolod Tarasevich de uma fábrica de cimento soviética em plena laboração em 1954, há 70 anos. Com muito fumo, a simbolizar muita actividade. E, pelo contrário, não conheço muitas fotografias de propaganda comunista canónica com ninhos de passarinhos, ou outra temática bucólica análoga... Com este lastro, é muito tarde para os comunistas portugueses se reinventarem a serem outras coisas...

Sem comentários:

Enviar um comentário