Há dez anos apareceu o Observador. Funciona como o órgão central de uma formação política... só que não há formação política. Do lado direito do espectro político e substituindo neste caso o fundamentalismo liberal pelo fundamentalismo marxista-leninista de antanho, o Observador é assim como uma espécie de Luta Popular do veterano MRPP... só que não há MRPP por detrás. Nem mesmo a Iniciativa Liberal. E, não havendo MRPP, aquilo que o Grande Educador daquele jornal proclama não é avaliado pelos votos dos portugueses. O Grande Educador do Observador é José Manuel Fernandes e, para quem não saiba, o seu antepassado do Luta Popular do século passado, chamava-se Arnaldo Matos.
Arnaldo Matos, quando se apresentou a eleições pela primeira vez em Abril de 1976, recebeu 36.200 votos e, depois disso, nunca mais ninguém o considerou Grande e tornou-se evidente que eram poucos, tanto da classe operária como doutras, aqueles que estavam os dispostos a receber a sua educação... O jovem José Manuel aprendeu na época a lição de que, para se ter a reputação de Grande Educador - apreciemo-lo acima, ainda há dois meses, a tentar educar o então potencial primeiro-ministro Luís Montenegro - o melhor é não se submeter a votos. O que é importante é o prodígio de continuar a estar sempre presente no circuito do comentário televisivo. É uma maneira espertalhona, mas não muito digna, de se estar na política.
Há dez anos fingia-se que se tratava de um jornal. Mas como se trata realmente de um projeto político, a realidade é que não interessa verdadeiramente o formato. Dez anos entretanto passados e paulatinamente está transformar-se numa rádio... As pessoas lêem cada vez menos e há que doutriná-las de outra maneira. Mas sempre sem ir a votos, que é para não haver necessidade de mostrar QUANTOS é que eles são (ou representam)...
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