27 maio 2024

O DESCONTENTAMENTO ESLOVACO DENTRO DA CHECOSLOVÁQUIA

27 de Maio de 1964. O New York Times publicava um artigo sobre aqueles temas que eram raramente abordados no Ocidente - os nacionalismos subordinados dos países da Europa de Leste. A simplicidade da propaganda tendia a descrever estes países como meros satélites da União Soviética sem mais. Mas, para além das especificidades, havia aspectos associados a alguns deles que lhes davam características únicas. A Jugoslávia e, neste caso, a Checoslováquia eram países recentes (1918) e que resultavam da agregação de mais do que uma nacionalidade. Neste caso, a notícia era oriunda de Bratislava, capital da Eslováquia, e instruía o leitor sobre o desconforto dos «quatro milhões de eslovacos» que «constituíam cerca de 20% da população» total da Checoslováquia (um número mais realista seria 28%). As causas para tal desconforto assentavam no facto de que, na condução da política nacional da Checoslováquia, predominava a maioria checa. E, quanto a relações de proximidade, o artigo não deixava passar algumas evidências da geografia, como o facto de que a distância de Bratislava a Praga, a capital da Checoslováquia, é de 330 km, enquanto a capital da Hungria, Budapeste, está a 200 km e, mais importante para a argumentação subjacente ao artigo, Viena, a capital da Áustria, está apenas a 80km! Mas até 1989, aqueles países eram ditaduras e estes assuntos eram encarados no Ocidente como preciosismos que não interessavam para a rivalidade Leste-Oeste. Só que não eram preciosismos, mas assuntos muito sérios para os directamente envolvidos: tanto assim que os dois países se dissociaram um do outro escassos anos depois do fim da Guerra Fria.

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