31 de Dezembro de 1992 foi o último dia da existência da Checoslováquia. Dos países da Europa de Leste surgidos em 1918, se as animosidades entre as nacionalidades da Jugoslávia eram conhecidas perfeitamente pelo resto do Mundo, as da Checoslováquia surgiram com alguma surpresa logo depois do fim da Guerra Fria. O civismo recíproco como decorreu o processo serviu de base para que a partir dele se cunhasse uma expressão, «Divórcio de Veludo», para descrever o desmembramento de forma cordata de um país nas suas nacionalidades constitutivas. Como também já expliquei aqui neste mesmo blogue, a expressão pecará, como elogio, pelo excesso, porque realçado pelo contraste com o carácter sangrento como o desmembramento da antiga Jugoslávia se estava a processar nessa mesma época. O que se torna interessante, passados estes 25 anos, é como esses vários processos de desmembramento do Leste da Europa criaram uma dinâmica de novas fronteiras que acabou por chegar à Europa Ocidental. Entre os casos recentes mais relevantes apareceram os da Escócia, da Catalunha ou da Córsega (a que tenho visto ser dado muito pouca atenção). E, quando os problemas lhes batem à porta, a imaginação e o fair-play dos europeus cá deste lado parece desaparecer como por encanto, pois aquilo que se tem visto a Mariano Rajoy a respeito da Catalunha (e o que se antecipa como reacção de Emmanuel Macron a respeito da Córsega) é um comportamento tudo menos aveludado... De como todos estes assuntos não passam de uma questão de força política e de política de força e que os legalismos constitucionais só são evocados quando convêm, aqui fica a demonstração com a evocação do Art.º 107 (original em cima, tradução inglesa em baixo) da antiga constituição checoslovaca, que há 25 anos foi tão sumariamente deitada para o lixo.
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