9 de Dezembro de 1967. Jim Morrison (1943-1971), o vocalista dos The Doors foi detido em plena actuação no palco, na cidade de New Haven, no estado americano do Connecticut. Ainda hoje não se conseguem estabelecer com precisão os acontecimentos que terão antecedido a detenção, mas aquilo que é conhecido está muito longe de exonerar Morrison da escalada de provocações e retaliações que conduzirão àquele clímax. Não havendo ainda os telemóveis da actualidade, sempre à disposição para nos mostrarem os momentos insólitos, já havia então as câmaras de 8 mm guardadas para grandes momentos canónicos, que terão preservado as imagens (mas não o som) quando esses momentos se transformaram de uma coisa noutra, como foi este caso da detenção de Jim Morrison em palco (acima) ou então o muito mais famoso assassinato de John Kennedy em Dallas em Novembro de 1963. Pela reacção das imagens, adivinha-se que Morrison (que acabara de festejar 24 anos no dia anterior) não estaria à espera da atitude policial.
Numa qualquer outra sociedade ocidental democrática, mesmo há cinquenta anos, a atitude policial teria sido condenada agressivamente pela assistência e considerada um desastre para a polícia em termos de relações públicas, contemplando a notoriedade dos The Doors e o seu «Light My Fire» naquela época. E, mesmo nas não democráticas, será que em Portugal e naqueles mesmos anos, a PSP ou a PIDE se atreveriam a ir prender Zeca Afonso em plena actuação no palco?... Claro que tudo dependeria do que tivesse sido feito mas, mesmo assim, só depois de pensar duas vezes. E contudo, nos Estados Unidos da época e ainda hoje, a polícia parece ser concebida como um corpo segregado da sociedade, como que encarregue de a reprimir em vez de a defender, imune às sensibilidades do resto da sociedade. E daí nascerá a necessidade de uma produção desmesurada de séries policiais para televisão, como que para humanizar uma polícia que não é percebida como tal no dia a dia...
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