24 janeiro 2014

MAIS DEPRESSA SE APANHA UM MENTIROSO QUE UM COXO

Há o ditado popular que estabelece que mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo. E em história também se pode dizer algo semelhante: o mapa acima pode não ser defeituoso, empregando daqueles dados falsos que teria sido preciso morosamente conferir, mas é mentiroso por aquilo que lá não está, e é por causa dessa omissão que é mais facilmente detectado como falso. Pretenderá mostrar o fenómeno da escravatura, representando as melhores estimativas do volume do tráfico de escravos de África para as Américas e Europa, agrupando-o por grandes regiões de origem e de destino. Mas o grande problema do mapa não é a grossura das setas desenhadas sobre o Oceano Atlântico; é a ausência delas sobre o Oceano Índico.

Sabe-se que sob a Civilização Muçulmana também se praticava a escravatura e o tráfico de escravos africanos da África Oriental para a Península Arábica e o Egipto ter-se-á iniciado mesmo uns séculos mais cedo do que no caso do Cristianismo, embora se reconheça que o volume de escravos nunca tenha atingido as proporções do da África Ocidental. Mesmo assim, ainda há uns seis meses me referi aqui neste blogue a Tippu Tip, mercador de escravos e uma das grandes fortunas da Tanzânia do Século XIX, que possuía pessoalmente cerca de 10.000 escravos, para além das outras dezenas de milhares que exportou no decorrer da sua actividade. Ora de todos esses escravos não se vêem nem sequer vestígios no mapa abaixo…
É o tipo de omissão que distingue um mapa preocupado com o rigor científico histórico de um desenho de propaganda em prol de uma causa política – aqui perfeitamente identificável, mas que omite o envolvimento do Islão em relação ao fenómeno que pretende mostrar.

2 comentários:

  1. Exactamente, a historia nao pode ser desvirtuada so para agradar aos islamitas, que infelizmente ainda nos tempos de hoje continuam o trafico de escravos!

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  2. ...ou, neste caso, temos um mentiroso coxo!

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