Gary Hart (1936-) foi um Senador democrata norte-americano, oriundo do estado do Colorado, que ocupou aquelas funções durante dois mandatos perfazendo doze anos (1975-1987), mas que sempre mostrara ter ambições mais elevadas. Já por ocasião das primárias para as eleições presidenciais de 1984, Hart se batera até ao fim com o candidato que viera a ser escolhido pela Convenção de São Francisco, Walter Mondale, que fora o vice-presidente de Jimmy Carter de 1977 a 1981. No final da disputa, percebeu-se que fora a ele, afinal, que saíra o lado do pão que tinha a manteiga: saíra dela como uma hipótese muito séria de uma futura candidatura vencedora e não sofrera a humilhante derrota averbada a Mondale quando da reeleição triunfal de Ronald Reagan nas eleições presidenciais desse ano.
As movimentações para a eleição de Novembro de 1988, onde Ronald Reagan já não se podia apresentar, começaram cedo, desde Janeiro de 1987. Hart já não se apresentara à reeleição para o seu cargo de Senador pelo Colorado em Novembro anterior e, depois de formalizar a sua candidatura em Abril de 1987, resolveu atacar de peito feito aquele que seria dos seus pontos fracos eleitorais: um casamento de 28 anos muito instável, repleto de rumores de infidelidades recíprocas: numa entrevista ao New York Times desafiou a comunicação social a segui-lo para descobrir os seus rabos de palha e profetizando o quanto aquela se iria aborrecer. Enganou-se. Semanas depois, fotografias de Gary Hart com uma modelo de 29 anos chamada Donna Rice no colo encheram as páginas dos jornais...
Hart terá aceitado a derrota talvez com precipitação demasiada. Embora houvesse sondagens que acusavam uma abrupta queda de 10% nas suas simpatias, outras indicavam uma apreciável (64%) maioria da opinião pública a considerar que o tratamento que lhe fora dado era injusto e (53%) que a infidelidade conjugal era um assunto que pouco influiria na capacidade de um presidente exercer o cargo. Mas, mesmo assim, o episódio veio a saldar-se por uma vitória da opinião publicada sobre a opinião pública e quando Gary Hart procurou regressar à corrida presidencial já a dinâmica original se perdera. Hart veio a deixar o desejo numa sua autobiografia que, se a comunicação social fosse marginalmente mais tolerante quanto às complicações das relações pessoais, então talvez a nação pudesse ter melhores líderes.
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