06 janeiro 2014

A BANDA DESENHADA TÃO INFORMATIVA QUANTO RECREATIVA

Estas duas duplas páginas da revista Tintin que se publicava na Bélgica pelos anos de 1953 e 1954 exibem-nos um daqueles conceitos que, sendo ainda praticados nos princípios da década de 1950 estavam destinados a desaparecer alguns anos depois: a dupla função de entretenimento e informação da Nona Arte. É isso que explica a associação entre uma história (d’As Aventuras de Jo, Zette e Jocko, desenhadas por Hergé) com uma ficha de uma das maravilhas modernas da técnica, em ambos os casos, pujantes couraçados, orgulhos das respectivas marinhas de guerra, a Royal Navy britânica no caso acima do H.M.S. Vanguard acima, a Voieno MorskoiFlot soviética no caso do Sovietski Soiuz abaixo. Destinadas a um público juvenil, as fichas concentram-se naturalmente na superficialidade dos detalhes técnicos em detrimento da questão mais importante da obsolescência táctica que aquele tipo de navios atravessava naquela altura.
Colocado ao serviço já depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1946), que se concluíra pela afirmação do poder aeronaval, o H.M.S. Vanguard tornara-se desde o seu primeiro dia num elefante branco destinado a uma carreira breve, vindo a ser retirado de serviço logo em 1960 (abaixo). Mas, melhor que essa era a história do couraçado soviético que, apesar do seu nome (União Soviética) e apesar de ser apresentado no Tintin como (sico maior couraçado do Mundo!, tem a interessante característica… de nunca ter sequer saído da doca de construção (mais abaixo). Tratara-se originalmente de um dos delírios do estalinismo nos anos 30, um programa para a construção de uma enorme frota de dezasseis couraçados(!), a que a incapacidade da indústria de construção naval soviética conjugada com a entrada da União Soviética na Guerra em Junho de 1941 reduzira a… nenhum. Ressurgido a pretexto da Guerra-Fria, com a conivência de uma manobra de desinformação do próprio KGB, a ameaça naval soviética chegava aos próprios leitores do Tintin…

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