O falecimento prematuro do deputado socialista Manuel Seabra (acima, à esquerda), hoje anunciado, será um bom pretexto para rememorar um outro episódio, que infelizmente também ficará assinalado por uma outra morte, a de António Sousa Franco (1942-2004), episódio esse que teve lugar na lota de Matosinhos por ocasião de uma acção de campanha enquadrada na campanha eleitoral para as eleições europeias de Junho de 2004. Num daqueles episódios que merece ser preservado e continuamente recordado para mostrar os aspectos caricatos de que se pode revestir a política nas bases dos nossos partidos políticos, toda a acção de promoção dos candidatos socialistas ao parlamento europeu foi torpedeada por um exuberante conflito entre as facções socialistas locais de Manuel Seabra e de Narciso Miranda.
Apesar da má qualidade, o vídeo dos acontecimentos (cortesia da SIC) é inesquecível: desde a conversa despropositada de Sousa Franco, tentando desmentir o conflito evidente e insultando nessa tentativa a inteligência dos jornalistas que o acompanhavam, a um segundo plano onde se identificam figuras socialistas destinadas a percursos embaraçosos de controversos, caso de Nuno Cardoso, aos apoiantes entusiásticos mas abstraídos do propósito da acção, vitoriando o seu líder de facção (Seabra! Seabra!) e não os candidatos ou o partido, até a um António Costa que, já então, se mostrava muito mais eficaz a falar para os microfones da comunicação social do que para o interior do seu partido, onde as varinas e as peixeiras se estiveram perfeitamente marimbando para as suas palavras conciliadoras…
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