10 janeiro 2014

SÓCRATES E EUSÉBIO (3) – MAS TAMBÉM MARCELO E A CARÍNTIA

Estou profundamente surpreendido com a ferocidade da celeuma provocada pelo episódio de criatividade evocativa protagonizado por José Sócrates no seu programa do passado Domingo. Faço-o com a tranquilidade de quem está acostumado a encontrar episódios televisivos muito semelhantes, alguns a merecerem, pelo ridículo, o privilégio de os destacar aqui no blogue: ainda há vários meses me diverti aqui com Marcelo a justificar uma das suas aprofundadas análises sobre a situação política interna da Alemanha com as consequências de umas eleições estaduais que tinham tido lugar… na Áustria. Como se esta última já tivesse sido devidamente reanexada pela Alemanha.

Há que reconhecer que toda a gente saberá quem foi o Eusébio e que praticamente toda essa gente não sabe, não quer saber e terá mesmo raiva de quem sabe onde fica a Caríntia. Será por isso que poucos terão a coragem de se indignar com as (frequentes) miscelâneas de Marcelo com a mesma veemência como agora se está a fazer com o ataque à inventividade de Sócrates. As vicissitudes do jogo Portugal – Coreia do Norte de 1966 ou o calendário das férias escolares desse ano estarão ao alcance – em opiniões tanto favoráveis quanto desfavoráveis a Sócrates – da massa dos comentadores da internet, enquanto localizar a Caríntia ou mesmo saber pronunciar a palavra Anschluß, aí já é preciso meter explicador

2 comentários:

  1. Não tem a ver com Eusébio nem com a Caríntia. Tem a ver, sim, com Sócrates e Marcelo. Se Marcelo tivesse cometido a argolada que Sócrates cometeu (com Eusébio), e Sócrates a que Marcelo cometeu (com a Caríntia), ainda assim as críticas cairiam sobre Sócrates e não sobre Marcelo. Pura e simplesmente, há pessoas que odeiam (de forma irracional) Sócrates e cair-lhe-ão em cima qualquer que seja a argolada que ele meta.

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  2. Ao contrário do que escreve, Marcelo não teria sido poupado se tivesse sido apanhado numa "argolada" que as pessoas considerassem ser do seu e do conhecimento comum.
    Prova indirecta disso, o sucesso do sketch dos Gato Fedorento onde Marcelo se engana sucessiva e clamorosamente nas suas previsões.
    Nem Sócrates será sancionado independentemente da sofisticação da argolada que comete: eu próprio dei o exemplo do disparate do espectador atento de três anos que seguia as eleições presidenciais americanas de 1960, a que, para além de mim, não dei conta que mais alguém tivesse dado publicidade...
    O que distinguirá Marcelo e Sócrates, e mais importante que as antipatias que qualquer deles suscitará, como referiu, é a "ferocidade" daqueles que saem em sua defesa.
    Relembre-se como Marcelo foi praticamente "desfeito" com aquele vídeo-paródia dos Gato Fedorento a propósito da liberalização do aborto e como, apesar da facção por onde então Marcelo alinhava ser tida por muito bisonha, sem grande sentido de humor, as reacções em defesa de Marcelo que então se ouviram não tiveram nada de semelhante ao que agora se assistiu em defesa da "narrativa" de Sócrates mais a forma como ele viveu os golos do Eusébio...

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