18 agosto 2021

UMA COMPILAÇÃO DO QUE AQUI FUI DEIXANDO ESCRITO A RESPEITO DA HISTÓRIA RECENTE DO AFEGANISTÃO

Os acontecimentos recentes do Afeganistão, com as imagens que os acompanharam (e acompanham), parecem ter basculado as opiniões das redes sociais. E não apenas as dos famosos. Tanto assim, que uma das minhas consultas curiosas ao tráfego de visitas a este blogue veio a revelar um incremento substancial de consultas aos postes que vim publicando ao longo dos anos a respeito do Afeganistão. As pessoas (pelo menos algumas pessoas) parecem interessadas em documentar-se sobre vários aspectos da história mais recente do Afeganistão, a começar pela revolução de Saur (1978) que levou os comunistas ao poder e o golpe de estado de Setembro de 1979 que precipitou a intervenção soviética no país. Como estes últimos travaram a sua guerra contra-subversiva (1) (2) (3). Ou então aprender um narrativa de um episódio glorioso para as armas soviéticas que, mesmo, assim e apesar das encenações, não esconderam a derrota final. E há o que veio depois. Relembrar que os talibãs já haviam entrado em Cabul. Lembrar que a sociedade que construíram (e aquilo que destruíram...) não lhes confere direito a benefício da dúvida. Mas o que mais parece estar a interessar as pessoas será tudo aquilo que se passou de há vinte anos para cá, depois da invasão americana. Sobre isso, creio que o mais importante será esclarecer que os diagnósticos já estavam feitos há mais de dez anos (Janeiro de 2010). Há agora uma tendência para esquecer que a eles se seguiram «paródias de cerimónias de retirada» (2014) que depois havia que reverter porque o dispositivo militar formado localmente era uma piada de incompetência (não escrevi especificamente sobre o exército afegão, mas escrevi sobre o exército iraquiano, do mesmo género e igualmente merdoso, que demorou nove meses a libertar a cidade de Mossul! - o dobro do tempo que durou toda a batalha de Estalinegrado...). Enfim, a situação político militar era conhecida, e depois de tentadas várias soluções e de muito dinheiro gasto na sua implementação, os resultados permaneceram insatisfatórios. O problema que se pôs às sucessivas administrações norte-americanas passou a ser político: reconhecer a sua impotência. E os Estados Unidos detestam reconhecer a sua impotência... Portanto, quando há quase ano e meio (Março de 2020) eu aqui anunciei a próxima derrota dos Estados Unidos no Afeganistão (abaixo), eu não estava a ser visionário, aquela era mesmo uma opinião muito compartilhada por quem conhecia a situação. Por fim, já em princípios de Julho deste ano, aquilo que se ia tornando notícia no curso da transição de responsabilidades do exército norte-americano para o local, mostrava que havia demasiadas coisas a correr mal e que parecia haver um derradeiro esforço de uma facção para condicionar a opinião pública americana quanto ao desfecho. Para mim, o que se percebe ter havido foi um défice de atenção da opinião publicada, espero que as pessoas interessadas que vêm consultar aquilo que aqui fui deixando publicado percebam isso.

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