22 de Agosto de 1981. Num mês de Agosto em que encontramos um tribunal onde até se conclui um julgamento(!), o «capitão Roby» (que nunca fora capitão, nem sequer se chamava Roby...) é condenado a sete anos e meio de prisão. Jorge Monteiro (de seu verdadeiro nome) adquirira uma certa notoriedade social como vigarista que se especializara em golpadas do coração, um pinga amor burlão, deixando um rasto de mulheres apaixonadas... e com as contas bancárias a descoberto. E, de todas elas, ainda um cortejo de iludidas, que acreditavam que fora algum engano. O juiz, ao ler a sentença, frisava que as regras do cúmulo jurídico funcionavam em benefício do réu: não fora elas e a multiplicação de crimes fá-lo-ia passar 65 anos atrás das grades... E repare-se como estes vigaristas sabem recorrer, apenas por instinto, aos mesmos expedientes para se tentarem safar: no caso, Roby resolveu embrulhar as suas actividades com conspirações políticas clandestinas da extrema direita, invocando nomes (Sanches Osório e Alpoim Calvão) e mesmo às portas da condenação proclamar-se vítima de uma enorme cabala.. E repare-se como o Diário de Lisboa de 1981 era demasiado faccioso para não se dispor a cair naquilo que se apresentava como um óbvio expediente de vigarista. O «capitão Roby» é hoje, apesar disso, um menino, quando comparado com os escroques do século XXI: Vale e Azevedo, João Rendeiro, Ricardo Salgado, Joe Berardo ou Luís Filipe Vieira.
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