17 outubro 2017

PELO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA OFENSIVA PARA A LIBERTAÇÃO DE MOSSUL

17 de Outubro de 2016. Ao raiar da aurora de há um ano começava finalmente o assalto para a conquista da cidade iraquiana de Mossul. O que se seguirá nos nove meses, até Julho de 2017, não terá sido uma paródia de guerra como a do Solnado, mas terá sido decerto uma paródia de cobertura informativa de uma guerra, à qual dediquei, de resto, dois postes troçando da falta de escrutínio e de profissionalismo dos meios de informação quanto ao que por lá se estava a passar: em Fevereiro e Junho deste ano. A ironia dos tempos modernos é que, ao contrário do que acontecia antigamente, a informação deixou de ser secreta, aparece aí totalmente disponível para os interessados. Uma consulta à Wikipedia mostra que os atacantes de Mossul dispunham de uma superioridade numérica sobre os defensores de 8 a 10 para 1. E, contando com o apoio aéreo dos países ocidentais aos iraquianos, o poder de fogo de cada um dos contendores acentuaria ainda mais a desproporção entre os beligerantes. Contudo, não me recordo de ouvir qualquer dos nossos especialistas mediáticos no tema acompanhar-me no cepticismo quanto ao muito fraco empenho que as forças atacantes estariam a pôr na operação que justificasse, ao menos, que toda essa superioridade humana e material não se concretizasse em resultados. O número de baixas sofridas pelos atacantes no final da operação, um máximo de 1.500 mortos e de 7.000 feridos ao longo de nove meses, parece confirmar essa asserção que havia muita propaganda, mas pouca gente disposta a morrer por Mossul. Não fora assim e nove meses de encarniçados combates ter-se-iam transformado naturalmente num épico, uma espécie de Stalinegrado do Médio Oriente (cidade pela qual se combateu durante cinco meses e meio). Para sintetizar e simbolizar a atitude dos atacantes, que mais do que combatê-los, estiveram à espera que os seus inimigos se aborrecessem e se fossem embora, encontrei a fotografia acima. Evidentemente encenada, aos dois combatentes não parece faltar armamento, nem equipamento: duas armas para cada um (num dos casos um RPG), colete e estojo de primeiros socorros, a pose marcial e aguerrida acaba estragada pelo alçar da perna de um deles, deixando ver uma sapatilha, que estes guerreiros modernos devem ter uns pés sensíveis, a quem as tradicionais botas militares fazem muitas bolhas...

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