24 outubro 2017

O CENTENÁRIO DO INÍCIO DA BATALHA DE CAPORETTO

24 de Outubro de 1917. Durante os quase dois anos e meio precedentes, desde que a Itália entrara na Guerra, o traçado das trincheiras como os exércitos italianos e austro-húngaros se confrontavam no Nordeste de Itália pouco se modificara: seguia ao longo do Rio Isonzo, rio que dava também o nome às batalhas que ali se vinham travando. Em Outubro de 1917 já se haviam travado 11 batalhas com o nome de Isonzo e todas elas tinham tido o mesmo desfecho: um empate. Mas esta 12ª batalha do Isonzo ia ser diferente. Iniciada às 02H00 da madrugada e precedida de uma barragem de artilharia de duas horas sobre as posições italianas, o núcleo central da ofensiva era composto por unidades alemãs (as setas a verde no mapa acima) deslocadas para esta Frente e que ali aplicavam uma nova táctica de progressão da infantaria recorrendo à sua infiltração em pequenas unidades dispersas. Foi um sucesso tremendo para as armas alemãs, onde se distinguiu particularmente um jovem capitão prestes a fazer 26 anos, destinado a uma projecção ainda superior no próximo conflito mundial: Erwin Rommel (na fotografia abaixo). O ferrolho cuja captura contribuiu para a desagregação do dispositivo defensivo italiano foi a pequena vila de Caporetto, na altura quase completamente arrasada, mas que, mesmo assim, serviu para dar o nome à batalha: Karfreit em alemão, Caporetto em italiano.
A Batalha de Caporetto durou um pouco mais de um mês, mas os acontecimentos decisivos tiveram lugar nos três primeiros dias. O que aconteceu depois é perfeitamente legível no mapa acima: os exércitos alemães e austro-húngaros (as setas cinzentas) desencadearam um avanço que os italianos não conseguiram estancar a não ser nas margens do Rio Piave. Ao longo desse mês o exército italiano perdeu a impressionante quantidade de 300.000 efectivos, porém a esmagadora maioria deles (⅞) como prisioneiros. Caporetto foi uma tremenda derrota italiana e teve implicações tanto na condução política como militar da Guerra: o comandante-chefe (Luigi Cadorna) foi substituído (Armando Diaz) e formou-se um governo de unidade nacional, trocando o velho primeiro-ministro Paolo Boselli de 79 anos pelo mais jovem Vittorio Orlando de 57. Uma última ironia, essa a respeito da vila de Caporetto, que acabou sendo anexada pela Itália vencedora no fim da Primeira Guerra Mundial... mas acabou perdida pela mesma Itália vencida no final da Segunda Guerra Mundial - hoje a vila é eslovena e chama-se Kobarid.

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