A notícia da recuperação da grande maioria das armas roubadas em Tancos permite esclarecer qual o grau de pertinência da grande maioria dos comentários que apareceram produzidos nos órgãos de informação por altura da descoberta dos roubos: nenhum. Os mais sóbrios e sensatos entre os comentadores ficaram-se pelas generalidades e quanto aos mais ousados a especulação tomou dois rumos: ou minimizando a gravidade da ocorrência, que foi protagonizada por uma facção que se considerará mais pró-governamental, ou então maximizando-a, atitude essa que foi protagonizada por uma facção mais da oposição. Este desfecho, a confirmar-se que o armamento estava escondido a uns escassos 25 km de onde fora roubado, virá provar que nenhuma daquelas facções tinha razão e que apenas aproveitaram a atenção dispensada para andarem a expressar os palpites que tinham por convenientes: é que houve mesmo roubo e não regularizações de inventário mas, em contraste, o perigosíssimo material roubado não se destinou a armar uma tenebrosa organização terrorista islâmica.
O que é bom na actividade de comentador é que não se costuma ser escrutinado nas previsões, porque há uma enorme falta de memória colectiva entre nós. Temos até um presidente que se celebrizou por errar previsões. O que se costuma fazer é baixar a cabeça e manter um perfil baixo durante um par de semanas até ao assunto em que se meteu água sair de agenda. Ou então ignorá-lo, olimpicamente. O que não fica bem é fazer como Nuno Rogeiro que, com todo o topete e esquecendo-se daquilo que escreveu, se apressa a chamar a atenção para as asneiras da facção contrária. Se recuperarmos e levarmos a sério aquilo que Rogeiro escreveu (leia-se abaixo), será que, mesmo reconhecendo que afinal houve roubo, ele nos pode explicar, por outro lado, quais terão sido os problemas de logística da Al Qaeda ou do Daesh para que tivesse deixado as tão prementes (e letais) 44 armas anticarro M72 LAW a aboborar por três meses nalgum local recôndito da Chamusca?...
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