25 de Outubro de 1415. Trava-se, no norte de França e ainda no quadro da Guerra dos Cem Anos, a Batalha de Azincourt. O resultado foi uma vitória clamorosa para os ingleses que foram comandados no terreno pelo seu rei Henrique V de Lencastre (1386-1422). Para além do desfecho, que se tornou um dos grandes feitos das armas inglesas, o que esta batalha possui de distintivo é a data em que ocorreu, já entrados em pleno Outono, com o Estio e a época tradicional das campanhas militares medievais há muito ultrapassada. Henrique V iniciara a sua campanha em 13 de Agosto, quando desembarcara o seu corpo expedicionário em França e pusera cerco ao porto francês de Harfleur. Quase simultaneamente e em Portugal, o rei João I de Avis (que até era casado com a sua tia Filipa), fazia precisamente o mesmo com Ceuta, no norte de Marrocos. Só que o desfecho em Ceuta foi rápido: caiu logo em 21 de Agosto de 1415. Pelo contrário, Harfleur resistiu e só se veio a render a Henrique um mês depois (22 de Setembro). O resto da campanha do corpo expedicionário inglês é um exercício de perseverança do monarca, quando todas as boas práticas lhe recomendariam que evacuasse as suas tropas antes que, com o fim do Verão, se levantassem problemas logísticos insuperáveis de as reabastecer. De uma certa maneira, o gesto francês de oferecer batalha aos ingleses tão tarde quanto 25 de Outubro, veio salvar a intransigência de Henrique V, salvando-lhe a face e proporcionando-lhe ainda por cima uma jornada militar gloriosa. Apesar disso, os ingleses terão sido ingratos: um dos episódios mais controversos da batalha de Azincourt foi a decisão inglesa de matar os prisioneiros, o que era contrário às convenções da guerra de então (os prisioneiros costumavam ser resgatados). É um episódio que ainda hoje se revela controverso, veja-se a forma distinta como é narrado na wikipedia em inglês e em francês.
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