3 de Outubro de 1977. Numa das páginas interiores de um dos vespertinos da capital anuncia-se, quase que casualmente, que será a RTP a transmitir as aulas do novo ano vestibular de acesso ao ensino superior que virá substituir o fracassado Serviço Cívico. Apesar de evocado hoje com saudade por alguns, a análise crua do anúncio da época não conseguirá esconder o carácter improvisado da iniciativa. Simbólico do cepticismo como se sabia que a medida viria a ser acolhida, a notícia recorre ao tradicional bordão tranquilizador do que vem lá de fora: «Programado com base em experiências estrangeiras, o curso tem o apoio de diversas embaixadas». Que experiências?... Quais embaixadas?... Eram pormenores que parecia não interessar explicar por agora. Como também não era despiciendo esclarecer que a legislação que enformaria o novo Curso Propedêutico ainda se encontrava a uma certa distância de se tornar legal: o Decreto-Lei 491/77 só virá a ser publicado a 23 de Novembro, ou seja, sete semanas depois desta singela notícia. E no entanto, o formato destas (outras) aulas pela televisão, esta nova telescola sofisticada para pobres e para ricos, vai ser o figurino oficial para este e para os próximos dois cursos daqueles que haviam terminado o liceu, antes da adopção de um 12º ano mais estruturado em 1980. Deixou uma impressão indelével entre aqueles que haviam nascido à volta de 1960 a 1962. Se foi um dos abrangidos, de certeza que você pediu um Porto Ferreira...
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