A análise do New York Times como decorrera a sessão bolsista de há trinta anos dificilmente podia ser mais acabrunhante: «A BOLSA AFUNDOU-SE. A bolsa teve o seu pior dia da história. O índice Dow Jones perdeu, segundo se estima, 508 pontos até bater nos 1.738,74, numa sessão com tantas transacções que as actualizações das cotações chegaram a estar atrasadas durante horas. Mais de 604 milhões de acções mudaram de mãos, ultrapassando em muito o record de 338,5 milhões que acabara de ser estabelecido na Sexta-Feira, e a queda de 22,6% foi muito superior à descida de 12,82% que se havia registado na fatídica Segunda Feira Negra de 1929 que veio a desencadear a Grande Depressão.» O jornal não era o primeiro (nem seria o último) a estabelecer a analogia entre crashs bolsistas, entre o que se acabara de verificar e o de 1929, espalhando o pânico para fora do circuito financeiro tradicional. O espectro do regresso a uma gigantesca recessão mundial ao jeito do que acontecera na década de 1930 - conforme alertaria um grupo de 33 eminentes economistas, nos quais se contavam 5 Nobeis - era algo que deixava os dirigentes dos grandes países capitalistas muito desconfortáveis, lutando contra novas reemergências de totalitarismos, comunistas ou fascistas. Mas os campeões das analogias desta vez estavam errados: o desmoronamento dos mercados financeiros de Outubro de 1987 nunca se chegou a propagar à economia. No nosso caso concreto da economia portuguesa, por exemplo, e nos quatro anos que vão de 1987 até ao final da década, a economia portuguesa crescerá 30%. Virá a existir um colapso sim, dali por dois anos, mas do Muro de Berlim, arrastando consigo, não o capitalismo, mas o seu inimigo figadal, o comunismo.
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