14 de Outubro de 1958. Aquilo que equivalerá à Ordem dos Advogados do Distrito de Colúmbia (onde se situa a capital norte-americana de Washington) pronuncia-se favoravelmente quanto à aceitação de futuros membros de ascendência africana. O facto é tanto mais notável quanto mais de metade da população da cidade (à época, rondando as 750.000 pessoas) era de ascendência africana. E tanto mais notável também, porque o processo histórico de constituição dessa comunidade afro-americana de Washington a tornava distinta dos estados (esclavagistas) circundantes: o comércio de escravos fora proibido no Distrito desde 1850, e em 1861, quando da tomada de posse de Abraham Lincoln, entre 75 a 80% da população de ascendência africana da capital era composta por cidadãos livres. Nem mesmo essa génese distinta servira para atenuar as consequências da discriminação racial. Esta discriminação concreta para com os advogados negros na própria capital do país, que ainda se mantinha em vigor quase 100 anos depois da emancipação dos escravos promulgada por Lincoln, mostra à evidência o quanto a discriminação racial se perpetuava diante dos sucessivos presidentes que, depois dele, ocuparam a Casa Branca.
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