Se no Reino Unido se especula a respeito do retorno de Tony Blair à política, a começar pelas intrigas internas dos trabalhistas, em Espanha o regresso de Felipe González às intrigas internas partidárias (que culminaram aliás com a resignação de Pedro Sánchez à frente do PSOE) é mesmo um dado adquirido. Blair abandonou o poder e a direcção do Labour há nove anos, González perdeu o poder em 1996 e cedeu a liderança do PSOE no ano seguinte (ou seja: há dezanove anos!). É uma coincidência bizarra a ressurreição simultânea destes dois vultos históricos do socialismo europeu, a que não me parece ser alheia a deriva comportamental a que os seus dois antigos partidos têm dado mostras. Por aquilo que se pode ler na opinião publicada, Jeremy Corbyn e Pedro Sánchez não parecem ter lido (nem subscrito) o script das atitudes políticas admissíveis na Europa. Ou se é muito radical (Corbyn) ou então é-se mal comportado (Sánchez). Não vou aqui desmontar as duas teses porque não se trata apenas, nem sobretudo, de elas poderem não ter razão: é que creio que cada liderança tem o seu tempo natural e o recurso efectivo ou potencial à intervenção destas figuras prestigiadas acaba normalmente mal para quem as promove e ainda pior para o prestígio das figuras prestigiadas. O direito de pernada é muito mais uma construção literária do Século XIX do que uma instituição medieval...
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