Cinco de Outubro de 2013. Pela primeira vez desde há muitos anos e no altar da competitividade a data comemorativa da implantação da república deixara de ser feriado. O ambiente político também se apresenta muito longe do normal, a curar ainda as sequelas da crise de Verão, precipitada pela demissão de Vítor Gaspar, cuja substituição por Maria Luís Albuquerque desencadeara por sua vez a inesquecível demissão irrevogável de Paulo Portas. Atravessavam-se momentos de completo divórcio entre governados e governantes o que explica, sem justificar, o que se passou naquele dia, com os radicais de um movimento para a choldra denominado Que se lixe a troica a tomarem conta da assistência e a vaiarem de empreitada tudo o que lhes aparecesse pela frente, mesmo que se tratasse de símbolos nacionais: o presidente mas também o hino, a bandeira... Como se vê no vídeo abaixo, pediam a demissão de quem nem estava presente na cerimónia, o governo, mas que interessaria isso, a ausência do destinatário da palavra de ordem, quando a intenção era apenas causar escândalo para que ele fosse coberto e divulgado pela informação?...
Passaram-se entretanto três anos e creio que vale a pena evocar o episódio e continuar a relembrá-lo para o ter presente, considerados os esforços dos dois partidos governamentais de então em repintar de cor de rosa muito, senão quase tudo, do que então aconteceu. Quanto ao pessoal da choldra do Que se lixe a troica, que misteriosamente desapareceu de circulação de há um ano para cá, dedico-lhe a invectiva final do coronel Frank Slade (Al Pacino) no seu famoso discurso do filme Perfurme de Mulher: Fuck you too!
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